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As armas e os gostos da bolsonarista Magda Mofatto, a deputada (oficialmente) mais rica do Congresso

As armas e os gostos da bolsonarista Magda Mofatto, a deputada (oficialmente) mais rica do Congresso

access_time 6 anos ago

A principal bandeira de Mofatto é o fim do Estatuto do Desarmamento

Por: BRUNO GÓES, DE CALDAS NOVAS

Em sua casa em Caldas Novas, interior de Goiás, a deputada Magda Mofatto (PR-GO) guarda várias armas de fogo. Sua preferida é a pistola Walther .22, de fabricação alemã. Ao manejá-la, descreve a ergonomia do objeto, de “encaixe perfeito” nas mãos. Para exercer o “direito à legítima defesa”, ainda é dona de uma pistola Glock .380, de fabricação austríaca.

Aos 69 anos, Magda Mofatto é a deputada federal mais rica da Câmara, com patrimônio de R$ 21 milhões, e uma das mulheres mais entusiasmadas com a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República. Nos almoços e jantares organizados em Brasília pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para arregimentar apoio de deputados à campanha do ex-capitão do Exército, Mofatto se destaca por ser a única mulher — ela não se lembra de outra presença feminina nas reuniões.

A principal bandeira de Mofatto é o fim do Estatuto do Desarmamento — e seu apoio a Bolsonaro está diretamente ligado ao crescimento da violência no campo e nas cidades médias de Goiás. Ela explicou tratar-se de um assunto que afeta diretamente todas as camadas da população, “uma preocupação geral”. Em seu ponto de vista, exposto com voz pausada e argumentos cautelosos, Bolsonaro é o candidato presidencial que trata o tema com a “firmeza necessária” e que “vai dar conta” da situação, “apesar das bobagens que fala”. Assim como Mofatto, o ex-capitão é a favor da revisão da maioridade penal e do Código Penal para elevar penas de crimes violentos e contra as “audiências de custódia” e o Estatuto do Desarmamento.

Mofatto cerra fileiras com a bancada da bala nas redes sociais e na TV. A bandeira do armamento foi tema de uma inserção publicitária do Partido da República (PR) em Goiás, na qual há uma encenação em que ladrões armados tentam assaltar um supermercado. O dono do estabelecimento, também armado, responde com uma saraivada de tiros e afasta os bandidos do local. É quando Mofatto entra em cena para dizer: “Se todo bandido achar que vai ser recebido à bala, não vai ter meliante querendo correr o risco. Entre nesta luta do PR pela liberação do comércio de arma de fogo”. No perfil da deputada no Facebook, o vídeo teve 556 mil visualizações.

A deputada publicou também nas redes sociais uma foto ao lado da policial Kátia Sastre, policial militar do estado de São Paulo que reagiu a um assalto em frente a uma escola e matou um bandido. Após o vídeo da morte do criminoso viralizar nas redes sociais e ela ser homenageada pelo governador de São Paulo, Márcio França (PSB), Sastre filiou-se ao PR. Ela concorrerá a uma vaga de deputada federal, assim como Mofatto.

A favor do armamento, o PR ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão. O partido pede que a Câmara dos Deputados, o Senado e a Presidência da República sejam obrigados a editar normas para regulamentar a comercialização de armas de fogo no Brasil, já que o assunto foi tratado no referendo de 2005. A ação está no gabinete do ministro Celso de Mello. Mofatto esteve em audiência com a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, para cobrar o julgamento da ação.

Para ela, o processo para que uma pessoa tenha o porte de arma deve ser semelhante ao do Detran para a carteira de motorista. “Com responsabilidade e teste psicotécnico.” Mofatto contou que gostaria de andar sempre armada, mas não conseguiu tirar o porte de arma. Tem apenas a posse, o que a impede de sair na rua com a Walther. “Olharam para minha cara e disseram que eu não poderia. É subjetivo. Ou o policial vai com sua cara ou não.”

Apesar de ser sua principal bandeira, Mofatto não quis ser fotografada manuseando suas armas. Após mostrar as duas Harley-Davidson que possui estacionadas na garagem de casa, exibiu a Glock e a Walther, mas sentiu receio de que a imagem circulasse e pudesse ser explorada de forma negativa. “Uma vez uma senhora me parou na rua e disse: ‘Votei em você. É isso mesmo. Bandido bom é bandido morto’. Agradeci, mas não é isso o que digo na campanha. Minha causa é a legítima defesa.”

Mofatto disse que muitas mulheres pedem ajuda para saber o que fazer quando moram sozinhas, em lugares isolados. Ela orienta que procurem a Polícia Federal para requisitar porte de arma. Bolsonaro obtém muito mais apoio entre homens do que entre mulheres. Segundo a última pesquisa do instituto Datafolha, nos cenários em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está fora do páreo, Bolsonaro tem 26% das intenções de voto entre os homens. Entre as mulheres, o índice do pré-candidato do PSL murcha para 12%. Mofatto tentou esboçar uma teoria para tal discrepância. “Plantaram em cima dele uma aversão às mulheres. E também pela procedência dele, capitão do Exército, a esquerda faz uma campanha muito forte contra ele.” Sobre o fato de Bolsonaro ter dito à deputada Maria do Rosário (PT-RS) que não a estupraria porque ela “não merecia”, Mofatto reconheceu que seu candidato “foi infeliz na colocação”. Entretanto, ressaltou que a única coisa que Bolsonaro quis dizer era: “Eu não faria amor com você”.

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