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Encontro com Alckmin escancara preocupação goiana com a reforma tributária

Encontro com Alckmin escancara preocupação goiana com a reforma tributária

access_time 9 meses ago

De Goiás, vice-presidente levou na mala a certeza — se é que havia dúvidas — de que o estado é totalmente contra a aprovação da reforma, ou, pelo menos, a aprovação da matéria da maneira que está

Por: Felipe Cardoso

Na última reunião, Alckmin participou de forma remota, uma vez que estava no Japão em uma missão oficial do governo | Foto: Felipe Cardoso/O Hoje

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), desembarcou em Goiânia na manhã da última sexta-feira, 28. Na capital, o político cumpriu agenda com lideranças do agronegócio, indústria, comércio e serviços. O encontro, que contou também com a participação do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), e do senador goiano Jorge Kajuru (PSB), foi sediado na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).

A reunião durou cerca de três horas. De Goiás, Alckmin levou na mala a certeza — se é que havia dúvidas — de que o estado é totalmente contra a aprovação da reforma, ou, pelo menos, a aprovação da matéria da maneira que está. Não houve espaço para outro assunto senão os reflexos negativos que o texto trará aos resultados goianos. Caiado foi o primeiro a puxar a discussão nesse sentido.

O vice-presidente, que também desempenha função de ministro da Indústria e Comércio no governo Lula, e o ministro Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), escutaram atentamente as ponderações de Caiado. O último, vale destacar, participou de maneira remota. Ele estava no Japão em uma missão oficial do governo.

Sem rodeios, Caiado disparou: “Queremos ser ouvidos, queremos debater o assunto”, introduziu o governador que logo foi ovacionado pela plateia. “O senhor não pode imaginar o que foi a revolução do FCO [Fundo Constitucional do Centro-Oeste] para que essas empresas sobrevivessem e o agronegócio fosse competitivo como é hoje. Se não tivéssemos créditos outorgados, os incentivos fiscais, nós não teríamos esses empresários gerando milhares de empregos e dando competitividade ao estado de Goiás”, acrescentou o gestor.

Na sequência, Alckmin e Fávaro ouviram reivindicações semelhantes de outras lideranças goianas. O primeiro a falar foi o presidente da Federação da Indústria do Estado Goiás (FIEG), Sandro Mabel, que chamou atenção para a “trava” que a reforma traz.

“No meu ponto de vista, deveríamos fazer primeiro a reforma administrativa, depois a tributária. Precisamos garantir ao estado o mesmo crescimento dos últimos anos”. Ele também esboçou preocupação com a criação de fundos com o objetivo de suprir essa demanda. “Não podemos viver de fundos, precisamos, na verdade, que os incentivos tenham força”, ponderou.

Rubens Fileti, presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), foi na esteira. “Creio que uma catástrofe pode acontecer. A reforma tributária vai atingir as micro e pequenas empresas, que, por sua vez, vão gerar mais inadimplência. Em paralelo, o crédito está alto, as taxas estão impraticáveis. O melhor, ao meu ver, seria uma reforma monetária. Isso sim ajudaria muito tanto uma eventual reforma administrativa quanto uma eventual reforma tributária”, defendeu. Pelo menos outros cinco representantes classistas apresentaram discursos parecidos.

Alckmin foi o último a falar. Ele fez um discurso técnico, na contramão do pensamento goiano e em defesa da reforma. Depois, porém, buscou tranquilizar as lideranças e garantiu que Goiás terá voz no processo de lapidação do texto.

“Nosso objetivo é simplificar, reduzir, desonerar investimentos e a nossa exportação. O relator da matéria vai ouvir as peculiaridades de cada região. Assim, buscaremos a melhor solução que compatibilize atração de investimentos. Vamos buscar uma solução por meio do diálogo. Ouvindo mais a gente erra menos”, disse.

Em outro trecho, o político rememorou que Goiás está entre os estados que mais crescem no Brasil. Ele explicou que o trabalho será feito em busca de soluções inteligentes para os setores propulsores da economia brasileira.

“Nós reinstalamos o CNDI, que é o Conselho Nacional do Desenvolvimento Industrial. Estamos falando de uma nova indústria, algo mais agroindustrial. Estamos agregando valor e trazendo inovações para o agro. Teremos recursos do BNDS e vamos trabalhar para renovar o Marco Industrial”, enfatizou o vice.

E continuou: “A CNDI é que vai elaborar uma nova política exportadora, inovadora, verde, para o Brasil. Por isso, brinco que Goiás é a melhor esquina para o Brasil, especialmente depois da entrega da ferrovia Norte/Sul”, pontuou ao observar que, apesar das mudanças, Goiás não ficará alheio aos investimentos”.

 

 

 

 

 

 

 

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