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Na UFG: Cientistas avançam em pesquisas de medicamento natural contra o vitiligo

Na UFG: Cientistas avançam em pesquisas de medicamento natural contra o vitiligo

access_time 2 anos ago

Estudos já duram 13 anos e a expectativa é de que consigam o repigmentar a pele em até 75%

Por Ysabella Portela

Uma pesquisa para o desenvolvimento de um medicamento 100% fitoterápico para o tratamento do vitiligo com base na planta mama-cadela está em fase final de estudo na Universidade Federal de Goiás (UFG). Na última etapa de desenvolvimento, após 13 anos, o medicamento tende a ser mais barato e menos agressivo ao organismo do paciente. O trabalho é fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg).

Os cientistas à frente do tratamento, a professora e pós-doutora Mariana Cristina de Morais e o doutor Edemilson Cardoso da Conceição, professor titular do curso de Farmácia da UFG, buscaram conhecer quais os compostos da planta, de que maneira ela é capaz de fazer a repigmentação da pele e trabalharam para elaborar formulações sólidas à base do extrato das raízes de mama-cadela e, depois, as semissólidas, até chegarem, hoje, na composição de um medicamento fitoterápico em fórmulas farmacêuticas de uso tópico (creme, géis e pomadas) e oral (comprimidos) que podem ser a esperança para os cerca de 2% da população mundial acometidos pela doença. O medicamento segue todos os estudos preconizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Pesquisadores Mariana Cristina de Morais e Edemilson Cardoso da Conceição l Foto: Reprodução

Segundo a Fapeg, a expectativa é de que as novas formulações consigam alcançar em torno de 75% da repigmentação da pele. De acordo com a professora Mariana, este seria um resultado excelente. “Estes produtos naturais são uma proposta mais acessível aos portadores de vitiligo. O paciente toma a cápsula ou comprimido, faz o uso tópico do gel ou creme sobre as lesões, aguarda 30 minutos e se expõe à luz solar, pois as substâncias fotossensibilizantes existentes nos produtos (furanocumarinas) somente exercem sua atividade em contato com a luz solar”, explica. Mariana, que também é portadora da doença, descobriu que tinha vitiligo com apenas três anos de idade, a partir de lesões no queixo e calcanhar. Quando criança, chegou a tomar chá da mama-cadela, mas como o uso foi realizado de maneira indiscriminada, teve problemas hepáticos.

A pesquisadora chama a atenção para o descaso com que a doença é vista. “Por ser uma doença negligenciada, poucas informações são divulgadas para a população. Uma vez no clube, ainda existia na época aquela prática dos exames médicos, uma médica não me concedeu autorização para entrar na piscina alegando que aquelas manchas eram pano branco”, relata um caso de preconceito que viveu.

O vitiligo é uma doença caracterizada pela alteração de função ou ausência de melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina, que é o pigmento que colore a pele, cabelo e olhos. Quando há a falta de produção de melanina, manchas esbranquiçadas aparecem pelo corpo. A doença não é contagiosa, é assintomática (exceto as manchas), mas pode refletir em sintomas emocionais, como depressão, baixa autoestima e problemas psicossomáticos. No geral, as manchas aparecem em locais característicos, como mãos, boca, nariz, joelhos e cotovelos, sendo mais frequentes na infância, entre os 3 e 7 anos.

Ainda sem cura, a professora Mariana explica que as opções de tratamento existentes são limitadas, pois a completa repigmentação dificilmente ocorre e, entre 15 a 30% dos pacientes não respondem aos tratamento. As terapias baseiam-se no uso de corticoides na hipótese autoimune, ou na terapia UVB que é um tratamento de alto custo ou até mesmo na fotoquimioterapia.

“A fototerapia com radiação ultravioleta B banda estreita (UVB-nb) é indicada para quase todas as formas de vitiligo, com bons resultados principalmente para lesões da face e tronco. Pode ser usada também a fototerapia com ultravioleta A (PUVA). Também podem ser empregadas tecnologias como o laser, bem como técnicas cirúrgicas ou de transplante de melanócitos”, destaca a professora.

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