O ex-delegado-geral da Polícia Civil Odair José Soares se recusou a assinar o termo de posse no cargo de superintendente de Combate à Corrupção da Secretaria de Segurança Pública e causou mal-estar em evento no Palácio das Esmeraldas, com a presença do governador Ronaldo Caiado (DEM), na manhã desta quinta-feira (11).

A solenidade foi de posse do novo delegado-geral, Alexandre Lourenço, que era o superintendente de Combate à Corrupção, e outros quatro auxiliares da área de segurança. Odair não foi convidado a compor a mesa do evento e ficou sentado na primeira fileira da plateia, assim como o coronel Agnaldo Augusto da Cruz, que era titular da Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP) e assumiu a subsecretaria adjunta da SSP, e o delegado da Polícia Federal Geraldo Scarpellini, novo chefe de Gabinete da SSP.

Quando a equipe do cerimonial do governo anunciou a assinatura do termo de posse, Agnaldo, Geraldo e Odair foram chamados para ir à frente, mas o delegado se recusou e permaneceu sentado. O vídeo de transmissão do evento o mostra avisando a um dos integrantes da equipe do governo que não vai assinar.

Os outros dois ficaram posicionados ao lado das demais autoridades e do governador. Mais adiante, o mestre de cerimônia chamou por Odair para assinar, após a citação de outros empossados, mas ele continuou sem se levantar.

A assinatura do termo de posse é um ato simbólico porque não existe obrigatoriedade de assinatura diante do governador, a não ser no caso do delegado-geral. No entanto, o comportamento de Odair levantou dúvidas sobre se ele de fato vai assumir o cargo.

No início da semana, quando ele avisou a colegas e entidades que representam delegados que sairia da DGPC, ele afirmou que tinha sido convidado mas não havia aceitado o outro cargo. Dois dias depois, no entanto, houve a nomeação em decreto publicado no Diário Oficial do Estado.

Conforme mostrou O POPULAR, a troca no comando da PC-GO gerou especulações de tentativa de ingerência política nos trabalhos de investigação. O deputado e delegado Humberto Teófilo (PSL) divulgou que o motivo da mudança seria o fato de a Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor) ter feito operação no Detran sem comunicar à SSP. Também surgiram informações de bastidores de que Odair não aceitava ordens para investigar desafetos do governo sem justificativa.

O secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, negou as especulações, disse que as trocas são normais e acusou o deputado de mentir.

No evento, Alexandre fez elogios a Odair, o chamando de “meu eterno chefe”. Em discurso, Caiado disse que o ex-delegado-geral cumpriu bem sua função e por isso assumirá a superintendência.
Disse ainda que dá às forças policiais “toda liberdade para desmontar as máfias que haviam sido criadas” no Estado. O governador também afirmou que as mudanças são para “oxigenar e estimular” os auxiliares a novos desafios.

A partir da publicação da nomeação, o prazo é de 30 dias para tomar posse, apresentando documentos exigidos. A Casa Civil informou não ter recebido nenhum pedido de revogação da posse.

A reportagem não conseguiu contato com o Odair Soares. Colegas do delegado afirmam que ele não vai assumir o cargo e que sua postura no evento foi para marcar posição de insatisfação com o SSP.

As entidades que representam agentes da Polícia Civil afirmaram não ter sido comunicadas de nenhuma mudança. A SSP foi procurada mas ainda não deu resposta.