O mapa de calor que indica a situação da pandemia do coronavírus em Goiás divulgado na noite desta sexta-feira (7) mostra que sete regiões de Saúde do Estado apresentaram uma melhora nos indicadores. Índices de ocupação de leitos e outros quatro melhoraram, mas velocidade de contágio do vírus está estável ou até aumentando, o que pode significar um novo aumento de internação daqui a cerca de um mês, segundo o secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino.

Atualmente são nove regiões em calamidade, estágio mais grave, sete em situação crítica, que é o grau intermediário, e duas estão em situação de alerta, nível menos grave. Nenhuma região apresentou piora.

As regiões Sudoeste I, Estrada de Ferro, Centro Sul, Pireneus e Central passaram do estágio de calamidade para o crítico. Já a região de Serra da Mesa, que tem Uruaçu como cidade polo, passou da fase crítica para alerta. A Sudoeste II, onde fica Jataí, teve a maior melhora nos indicadores, passando do nível de calamidade para alerta. Todas as outras se mantiveram em calamidade (veja o quadro).

Considerando a população de cada região, na semana passada, 93% dos habitantes de Goiás estavam em regiões consideradas como de calamidade. Atualmente, 31% da população mora em locais com o estágio de calamidade, 64% está em áreas de nível crítico e 5% em regiões em alerta.

De acordo com o secretário de Saúde, Ismael Alexandrino, houve melhora em cinco indicadores, entre eles, os dois indicadores utilizados de ocupações de UTI. O único indicador a ficar estável ou ter piora foi o da taxa de transmissão, o Re, que na prática é a velocidade de contágio.

“O único indicador que não está melhorando neste momento é o R, mas não é suficiente para piorar o Estado como um todo (no mapa de calor). No entanto, pode ter repercussões dentro de três a quatro semanas, provocando um ‘repique’ de segunda onda, já que não terminamos a segunda onda ainda. Nossos leitos continuam ativos e continuarão caso precise atender a população”, explica o secretário.

Apesar da diminuição da taxa de ocupação de UTI rede estadual, que já chegou próxima de 100% e atualmente é de 81,6%, ainda há grande quantidade de pessoas internadas com coronavírus em UTIs. Só na rede estadual são 446 hospitalizados graves em leitos de terapia intensiva. Para se ter uma noção da proporção dos doentes com coronavírus, com outras doenças são 236 em UTIs.

Alexandrino avalia que apesar da velocidade de contágio não ter melhorado, existe um novo fator que é a maior vacinação da população. Nesta sexta-feira (7), Goiás atingiu a marca de 1 milhão de vacinados com a primeira dose da vacina contra a Covid-19. “Até que ponto, em volume, o contrabalanceamento da vacinação vai sobrepor ao T é o tempo que vai nos dizer”, avalia o secretário.

O mapa de calor foi definido por técnicos da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) em meados de fevereiro deste ano, um mês antes do pico de mortes por coronavírus da segunda onda. O objetivo foi orientar os municípios sobre o tipo de restrição à circulação de pessoas que deveriam acatar, para diminuir a disseminação do vírus. Cidades com classificação como de “calamidade” deveriam adotar medidas mais rígidas, com o fechamento de atividades consideradas não essenciais. Na prática, as prefeituras não têm seguido esta orientação dos especialistas em saúde.

O cálculo para definir o estágio da pandemia em Goiás foi baseado em assessoria da organização Comunitas. Os indicadores definidores são velocidade de contágio, pedidos de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), incidência de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), variação de mortalidade, ocupação de leitos de UTI estaduais, outros públicos e privados.

Letalidade da Covid-19 apresenta aumento em Goiás

Goiás vem registrando um aumento da taxa de letalidade do coronavírus, que é a proporção de quantos morrem em relação ao total de casos confirmados da doença. De meio milhão de pessoas que foram contaminadas pela Covid-19 em Goiás até agora, 15,5 mil morreram, o que representa 2,7% do total. Até janeiro deste ano, a letalidade era de 2,2%.

Na prática isso significa que, em média, atualmente, de cada 10 mil contaminados pelo vírus, cerca de 270 morrem. No início do ano, de cada 10 mil positivos para Covid-19, 220 morriam, uma diferença de 50 mortos.

A reportagem questionou o secretário de Estado de Saúde, Ismael Alexandrino, se este aumento da letalidade poderia ser explicado por uma maior agressividade da nova variante do vírus ou por conta da saturação do sistema de saúde no mês de março. Para ele, essa diferença na letalidade tem relação com a notificação de casos confirmados, que dependem da testagem da população.

“O número de testagem cresceu menos que a proporção de casos que apareceu. Proporcionalmente, testou menos no interior do Estado”, diz o secretário. Alexandrino avalia que houve um crescimento muito rápido de casos na segunda onda, que não foi acompanhado na mesma velocidade pelo diagnóstico.