Notícias

Terceira dose contra Covid-19 deve ficar para depois

Terceira dose contra Covid-19 deve ficar para depois

access_time 3 anos ago

Especialistas apontam que uma avaliação do cenário epidemiológico é necessária antes do início da aplicação do reforço e que diminuição da circulação do vírus é prioridade

A aplicação da terceira dose de vacina contra a Covid-19 em Goiás e no Brasil terá que ser feita levando em conta o cenário epidemiológico do Estado e do país no futuro e a quantidade de doses disponíveis. Especialistas apontam que diminuir a circulação do vírus deve ser prioridade.

Na última quarta-feira (18), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a terceira dose da vacina será aplicada, inicialmente, em idosos e profissionais da saúde. Entretanto, ele não comunicou quando a dose de reforço começará a ser administrada no Brasil e disse que mais dados científicos são necessários. Tanto a Coronavac, quanto as vacinas da Pfizer e Astrazeneca já possOuem estudos sendo feitos no Brasil para investigar a necessidade e traçar a estratégia da aplicação da terceira dose.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) informou que “ainda não há definição sobre a aplicação da terceira dose” e que “o Estado segue as orientações do Plano Nacional de Operacionalização, do Ministério da Saúde”, sendo que “houve uma sinalização, por parte do ministro, sobre esse uso, entretanto ainda é necessário aguardar as orientações oficiais.”

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), Flávia Bravo, explica que até o momento se sabe que as vacinas contra a Covid-19 protegem por, no mínimo, seis meses. “É necessário fazer estudos sistemáticos para ver qual o tempo de duração da proteção em cada grupo, ainda mais com a interferência de novas variantes”, diz.

Bravo aponta que a aplicação da terceira dose, principalmente entre os grupos de risco, como idosos, já é discutida no mundo todo. “Considerando a duração da proteção e as novas variantes, temos que pensar nisso como um reajuste de esquema. Talvez não seja para todo mundo, mas pelo menos para populações especiais que passaram por uma queda de proteção”, afirma.

Entretanto, a médica conta que é preciso avaliar a situação epidemiológica do país e de cada região antes de iniciar a aplicação da terceira dose. “Em um contexto como o do Brasil, onde temos uma escassez de doses e uma baixa cobertura vacinal, precisamos priorizar a interrupção da circulação do vírus. Só assim podemos nos precaver de novas variantes e mutações que podem ser mais resistentes à vacina”, esclarece.

No Brasil, apenas um quarto da população completou o esquema vacinal. Em Goiás, de acordo com a SES-GO, 3,6 milhões de pessoas receberam a primeira dose da vacina (52,4% da população) e 1,4 milhão a segunda ou dose única (21,35% da população).

Entretanto, o infectologista Julival Ribeiro diz que é importante que haja uma tentativa de fazer a aplicação da terceira dose e a continuidade da campanha de vacinação de maneira concomitante. “As pessoas que precisam tomar a terceira dose são aquelas que fazem parte do grupo de risco da doença. Não podemos arriscar deixá -los expostos à doença. Isso pode fazer, por exemplo, as hospitalizações aumentarem de novo.”

O infectologista Marcelo Daher também concorda que se o número de internações e óbitos voltar a subir, é mais importante aplicar o reforço nas pessoas que fazem parte do grupo de risco do que vacinar os mais jovens. “Se queremos reduzir a mortalidade e temos poucas doses, é mais importante aplicar o reforço nos mais velhos. Em um cenário ideal, com doses suficientes, podemos fazer as duas coisas ao mesmo tempo”, relata.

Grupos

Ribeiro aponta que os idosos tendem a perder a proteção com o tempo devido à imunossenescência, que faz com que o organismo não responda tão bem do ponto de vista imunológico. “O mesmo acontece com os imunodeprimidos como, por exemplo, pacientes que fazem quimioterapia e que são transplantados”, explica.

O médico diz que os profissionais da saúde, especialmente os da linha de frente, também precisam estar entre os grupos prioritários, pois têm contrato direto com o vírus e diferentes variantes. “É a mesma lógica utilizada para a aplicação da primeira dose”, revela.

A presidente da SBIm esclarece também que a aplicação do reforço nesses profissionais é necessária pela manutenção da força de trabalho. “Mesmo que eles não desenvolvam casos graves, por conta da vacina, eles precisam ser afastados. Isso, levando em conta o desgaste que esses profissionais já estão enfrentando há quase dois anos, tem que ser considerado”, aponta.

Compartilhe essa notícia

Comentários