Representantes do setor empresarial em Goiás se manifestaram contrários ao isolamento intermitente de 14 dias por 14. A medida para frear os casos de Covid-19 foi informada ontem em reunião online do governador Ronaldo Caiado (DEM) com prefeitos. Porém, foi recebida com críticas por empresários, pelo impacto no caixa das empresas e pela falta de diálogo para uma decisão conjunta.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, Caiado deveria deixar de “decidir as coisas sozinho”. Ele afirmou isso em coletiva online na tarde de ontem e depois de ter tentado falar na reunião do governador, que contava com mais de 300 participantes, e não ter tido a participação aceita. Mas também é a posição de outros representantes.

“Não fomos ouvidos, fomos comunicados”, explica o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), Marcelo Baiocchi. Sobre isso, o secretário geral da Governadoria, Adriano da Rocha Lima, informou para a reportagem que o setor é sempre ouvido, mas que Baiocchi representaria o Fórum Empresarial. Porém, quando a palavra foi passada a ele na reunião do governador, ele já não estava mais presente. O presidente da Fecomércio-GO explicou que cerimonial do governo não havia informado que ele teria fala no evento e por conta de reunião da entidade precisou se ausentar no momento em que Caiado o convidou a falar.

O presidente do conselho da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial (Adial), Otávio Lage, foi ouvido em seu lugar, isso depois de Caiado ter tentado a participação de outros dois representantes. Como integrante do setor produtivo, Otavinho manifestou preocupação com relação à orientação também feita na ocasião de que empresas deveriam realizar testes RT-PCR, pelo custo e demora nos resultados. Defendeu testes rápidos em quem tem sintoma como medida alternativa para monitorar as equipes. “Somos favoráveis à melhor situação para que evitemos mortes”, disse.

Enquanto para Fieg e Fecomércio, desemprego deve ser ampliado caso a medida do governo estadual seja seguida por prefeituras e nova quarentena não é vista como melhor caminho, a adoção de bandeiras como fez Aparecida de Goiânia foi defendida. Com elas, há o maior comprometimento de leitos destinados à Covid-19, o cenário sai do verde para o vermelho com fechamento do comércio em alguns dias da semana a depender das condições.

“Fazendo assim, não há necessidade de uma paralisação prolongada”, pontua Baiocchi, que citou em live com Sandro Mabel que lockdown – que não foi o proposto por Caiado levaria ao fechamento de porcentual ainda maior de negócios. Para o presidente da Fieg, Caiado “quer empurrar responsabilidade para prefeitos” e não “fez tarefa de casa” quando decretou isolamento em março.

“Nós, depois do primeiro decreto, mais que dobramos a quantidade de leitos e não é só leito público que está chegando próximo a uma saturação, é leito privado também. Agora não dá para em três meses reconstruir toda a saúde de Goiás”, rebateu Adriano da Rocha Lima.