Serão quatro fases de vacinação. Os primeiros a ser vacinados são os profissionais de saúde, seguido pelos idosos com mais de 75 anos, idosos com mais de 60 anos que vivem em asilos ou hospitais psiquiátricos e indígenas. O intuito é diminuir a letalidade da doença e proteger a principal força de trabalho no combate ao coronavírus (Sars-CoV-2). “Os idosos são as pessoas mais suscetíveis a desenvolver quadros graves da doença e, consequentemente, morrerem. Por isso, precisam ser vacinados logo. Já os profissionais da saúde são a mão de obra mais necessária no combate à doença e também precisam ser protegidos”, esclarece Grécia Pessoni, diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia.

Em Goiás, de acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), a taxa de letalidade da Covid-19 em pessoas com mais de 70 anos é de 19,8%, a mais alta entre todas as faixas etárias. Ela é seguida pelas pessoas com idade entre 60 e 69 anos, que é de 7,1%. Por isso, eles compõem os grupos prioritários da segunda fase da vacinação. “Os indígenas entram na primeira fase por se tratar de um direito constitucional e os idosos que moram em casas de repouso e hospitais psiquiátricos pelo fato de a possibilidade de disseminação da doença ser muito grande nesses ambientes”, explica Grécia. Segundo ela, os idosos podem até se contaminar menos com a doença, até mesmo por conta do isolamento social, mas quando são acometidos pelo vírus costumam desenvolver quadros críticos. “Conseguindo vacinar essas pessoas, iremos diminuir não só a mortalidade, mas também a quantidade de casos graves”, pontua.

A mesma lógica se aplica para o grupo de pessoas que compõem a terceira fase da vacinação: os portadores de comorbidades. Eles serão vacinados justamente na intenção de diminuir a quantidade de casos graves da doença que tendem a evoluir para óbitos. “Aqui em Goiânia uma grande parte dos nossos casos é de pessoas diabéticas e com doenças cardiovasculares. Eles são expressivos tanto no que diz respeito à taxa de internação, quanto nos óbitos”, esclarece Grécia. Estão inclusos no grupo de pessoas com comorbidades como diabetes, doenças cardiovasculares, doenças renais, câncer, doenças imunossupressoras e transplantados. Já a quarta fase da vacinação deve abranger os profissionais da educação, segurança pública e a população carcerária. “A mesma situação dos idosos em asilos e hospitais psiquiátricos se aplica aos detentos. Eles precisam ser vacinados, pois o ambiente em que vivem é muito propício à disseminação da doença. Já os professores e profissionais da segurança pública acabam ficando muito expostos, e por trabalharem em áreas que também são consideradas essenciais, precisam ser vacinados.”

Cuidados

Grécia esclarece que apesar de a vacina estar sendo tratada como uma “bala de prata” por grande parte da população, é preciso que as pessoas continuem tomando cuidado depois de vacinadas. “Um pensamento muito comum entre a população é de que depois de vacinadas não precisarão mais usar máscaras. Isso não é verdade.”

De acordo com ela, por conta do fato de as vacinas contra a Covid-19 serem muito novas, é preciso verificar primeiro qual será o tempo de proteção que elas irão oferecer. “A vacina da Influenza, por exemplo, só dura oito meses. Além disso, apesar de imunizado, é preciso ter cuidado para não infectar outras pessoas com o vírus. Isso também vale para quem já foi infectado e se curou. Não sabemos até quando as pessoas terão anticorpos. Por isso, pelo menos por um tempo, iremos precisar continuar usando máscaras e tomando todos os cuidados”, finaliza a diretora da Vigilância Epidemiológica de Goiânia.

O MS calcula que 109,5 milhões de brasileiros serão vacinados nas quatro fases. A maioria dos imunizantes, como a da Universidade de Oxford e da AstraZeneca que o Brasil já adquiriu 100 milhões de doses, precisam de duas aplicações para surtir efeito. Além destas 100 milhões de doses, o Brasil possui outras 42 milhões que serão entregues por meio da aliança Covax Facility, feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sobre as cerca de 80 milhões de doses que faltam para atingir o total de 219 milhões necessárias, o MS informou que mantém o diálogo com outras empresas e não exclui nenhuma possibilidade. Nesta segunda, o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, informou que os resultados da CoronaVac, vacina da empresa chinesa Sinovac que já teve 60 milhões de doses compradas pelo Estado de São Paulo e que está sendo desenvolvida e testada no Brasil pelo Instituto Butantan, devem ser compartilhados com o governo federal. Apesar da resistência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o que ele chama de “vacina chinesa”, se for incorporada ao Programa Nacional de Imunizações, do MS, a CoronaVac pode ser distribuída pelo Sistema Único de Saúde.