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AGM abre tratativa para aquisição de vacina
Associação Goiana dos Municípios apresentou interesse em receber doses da Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan e de tecnologia do laboratório chinês Sinovac
A Associação Goiana dos Municípios (AGM) oficializou nesta quinta-feira (10) o interesse, no papel de representante de 246 municípios goianos, em receber ou adquirir do governo de São Paulo doses da Coronavac, a vacina contra a Covid-19 produzida pelo Instituto Butantan. A reunião ocorreu com o diretor da entidade, Dimas Covas, e inicia as tratativas da associação para conseguir que os municípios goianos entrem na fila para obter a vacina. O governo de Goiás vai seguir o Programa Nacional de Imunização (PNI), em que o Ministério da Saúde é quem define o tipo de vacina e compra as doses a serem repassadas aos estados e, consequentemente, aos municípios.
A ação da AGM foi classificada pelo governador Ronaldo Caiado (DEM) como “política rasteira” e que seria uma demagogia, já que não seria possível a entidade passar a ser a organizadora do plano de imunização, que é responsabilidade do Ministério da Saúde. Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, Covas admitiu que ainda espera negociar as doses da Coronavac ao Ministério, que utilizaria as mesmas no PNI, mas que, caso o interesse não ocorra, vai sim repassar a vacina para estados e municípios que se interessarem. Na abertura do evento, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que 11 estados e 912 municípios já entraram em contato para demonstrar a intenção de receber doses.
Ele citou a presença de representantes de cidades de Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O presidente da AGM, Paulo Sérgio Rezende, que é prefeito de Hidrolândia, afirmou que no encontro com Covas não foram detalhadas as condições e informações sobre o recebimento das doses. Ou seja, ainda não se sabe quantos municípios goianos teriam interesse em dar andamento nas intenções da AGM e nem quando as doses chegariam às cidades. A ideia é que a vacinação seja iniciada pelos profissionais de saúde da linha de frente de combate à Covid-19. Para tal, João Doria afirmou que estão disponíveis 4 milhões de doses para estados e municípios interessados.
Covas disse também que o preço a ser cobrado pela vacina é de 10,30 dólares, o que seria pago tanto pelo Ministério da Saúde quanto por estados ou municípios. Ainda não há, portanto, nenhuma compra efetivada. Isso porque é também interesse dos entes federativos que as vacinas sejam compradas e distribuídas pela União. O protocolo de intenções que vem sendo assinado, como já ocorreu com a federação de municípios de Santa Catarina, seria um plano alternativo, caso o governo federal não exerça a compra.
Em nota, a AGM garantiu que continua com a “luta em busca de uma vacina eficiente e esperamos que o governo de Goiás se mexa para garantir o mais rápido possível essa proteção tão esperada pelos goianos”. Até então, a entidade estava em São Paulo sem o apoio oficial de outros prefeitos goianos. A Federação Goiana dos Municípios (FGM), por outro lado, adotou a posição oficial de aguardar o governo estadual em relação a vacina contra Covid-19 para as cidades goianas.
Saúde organiza rede de frios
Um dos pontos necessários para a implementação de campanhas de vacinação, a rede de frios, que são as câmaras frias e veículos dotados de capacidade de resfriamento, está sendo reorganizada pela Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO). Segundo a pasta, a expectativa é receber as vacinas contra a Covid-19 previstas para serem liberadas no início de 2021.
“A escolha do imunizante e o planejamento da campanha estão a cargo do Ministério da Saúde, em sintonia com os governos estaduais”, informa. Até então, já foi feita a compra de 2,5 milhões de seringas e agulhas, com cada kit ao custo de R$ 0,31, que serão entregues gradualmente até janeiro de 2021.
Para a SES, além dos insumos e das decisões do Ministério, existe a necessidade de organização da rede de frios e o treinamento dos profissionais de saúde, como ocorre em qualquer campanha de vacinação. Ainda segundo a secretaria, “o Ministério da Saúde informou que poderá utilizar todas as vacinas autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”. Garante ainda que a União “já assumiu compromisso e fez uma oferta inicial de compra das doses produzidas pela Pfizer e pela Biontech”.
O maior problema seria com o uso da vacina da Pfizer, pois a mesma necessita de armazenagem a – 70 graus Celsius e não há refrigerador no Brasil com essa capacidade. Técnicos ouvidos pelo POPULAR explicam que a opção pode ser o uso de nitrogênio líquido, como ocorre com a armazenagem de embriões, por exemplo, até as regionais de saúde, já que as doses podem ficar até 15 dias descongeladas para a aplicação.
A estimativa do governo é a necessidade de 1,8 milhão de doses para a primeira fase da imunização, que inclui pessoas com mais de 75 anos ou a partir de 60 que vivam em asilos e a população indígena e profissionais de saúde.
De acordo com a SES-GO, o Ministério da Saúde definirá a quantidade de doses que serão enviadas para cada Estado. “Em reunião preliminar da área técnica, foi informado que seriam enviadas duas remessas de 440 mil doses para o Estado”, mas que é “importante aguardar a definição” do Ministério. O cronograma das pessoas a serem vacinadas e o calendário será definido pelo governo federal.