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O que 2021 reserva para Caiado e Maguito
Últimas semanas de 2020 trouxeram vitórias importantes para a equipe de transição na Prefeitura de Goiânia e aos projetos do Estado na Assembleia
A segunda quinzena de dezembro mostrou que em política tudo é possível. Inclusive a aprovação de propostas que pareciam improváveis de serem votadas com a anuência de quem advogou contra o texto no plenário do Legislativo. Tanto a equipe de transição do prefeito Maguito Vilela (MDB), ainda internado em São Paulo para tratamento das sequelas da Covid-19, quando a base de sustentação do governador Ronaldo Caiado (DEM) encerraram o ano de 2020 com avanços importantes junto aos parlamentares da capital e do Estado.
Enquanto Caiado conseguiu reverter a rejeição por dois votos a menos do que o necessário para aprovar a emenda que congela as progressões de carreira dos servidores estaduais e outras pautas de interesse do governo na Assembleia Legislativa poucas semanas depois do revés, os vereadores de Goiânia se mostraram dispostos a aderir ao projeto maguitista antes mesmo do seu início. Inclusive com votações em dois turnos que duraram menos de 24 horas. O que se imaginava que poderia ser um pequeno grupo eleito na chapa do senador e candidato derrotado para prefeito da capital, Vanderlan Cardoso (PSD), se tornou um campo aberto para negociações que pudessem ampliar a adesão ao projeto do MDB na Câmara.
Contar com dois grandes defensores das pautas do Executivo estadual no Legislativo, o caso do líder do governo, deputado Bruno Peixoto (MDB), e do presidente da Assembleia, Lissauer Vieira (PSB), coloca o governador em posição vantajosa na hora de negociar a aprovação das propostas. Um momento bem mais tranquilo do que o vivido no início do primeiro ano de gestão, com salários atrasados de dezembro dos servidores estaduais. Mesmo sem os 25 parlamentares na base aliada para aprovar com facilidade Propostas de Emenda à Constituição Estadual (PECs), Caiado conta com fiadores dispostos a articular a aprovação dos textos com foco no convencimento dos colegas no plenário.
Início positivo
Já a gestão Maguito nem havia começado e as propostas de interesse do novo prefeito se tornaram realidade sem precisar da presença do eleito na Câmara. A equipe de transição, liderada pelo presidente estadual do MDB, ex-deputado federal Daniel Vilela, e pelo vice-prefeito e ex-vereador Rogério Cruz (Republicanos), transformou em realidade em tempo recorde o IPTU Social, que beneficiará famílias de baixa renda, a reforma administrativa, que ciará estruturas propostas durante a campanha na prefeitura, e fortaleceu o perfil conciliador do novo chefe do Executivo municipal.
Se o emedebista que assume agora a Prefeitura de Goiânia é conhecido pelo perfil institucional de governar, sem criar atritos com adversários e por negociar com aqueles que, aparentemente, podem ser oponentes de seu grupo político em 2022, o governador trabalha desde o dia seguinte ao fim do primeiro turno das eleições municipais para ampliar sua já fortalecida base com prefeitos do interior. Com as derrotas em Goiânia e Aparecida de Goiânia, Caiado foi atrás do que todo governador precisa realizar: alianças com os novos administradores, eleitos ou reeleitos, nos outros 244 municípios goianos. Para isso, o democrata contará com a força da máquina estatal, o que, até aqui, faz parte do jogo político. São cartas fortes que precisam ser usadas na corrida pela reeleição.
Caiado e Maguito – ou sua equipe, no caso do prefeito de Goiânia – se mostram dispostos a buscar o fortalecimento de suas bases para implementarem mudanças que beneficiem a população governada por seus chefes administrativos. Foram eleitos para dar seu melhor e apresentar as melhorias possíveis aos cidadãos da capital e do Estado. A luta incansável do governador para que Goiás possa aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) evidenciou a necessidade de voltar a utilizar toda a experiência de parlamentar articulador no Senado, onde conseguiu uma vitória importante com a aprovação da mudança das regras para que o Estado seja aceito pela Secretaria do Tesouro Nacional no RRF.
Negociação do RRF
Existe um porém na inclusão de Goiás no Regime de Recuperação Fiscal. São críveis as preocupações do ministro da Economia, Paulo Guedes, com o rombo fiscal à União que o pacote de benefícios das renegociações com Estados e municípios pode trazer. Mas o governo Bolsonaro, que foi eleito com o lema “Mais Brasil e Menos Brasília”, não pode manter os gestores estaduais e municipais em sua eterna peregrinação de pires na mão atrás de migalhas trazidas por emendas parlamentares impositivas anuais para apresentar melhoras na vida dos cidadãos que depositaram a confiança do voto naqueles que ocupam os cargos Executivos. É preciso que a União olhe para onde as pessoas moram com mais zelo.
E ouvir as demandas fiscais dos Estados é o primeiro passo para cumprir a promessa de campanha de 2018 de Jair Bolsonaro (sem partido): disponibilizar o recurso onde ele precisa estar, nos cofres das prefeituras e governos estaduais. Sabemos que a pandemia da Covid-19 ainda trará desafios econômicos a serem superados. O primeiro é agilizar a campanha de vacinação contra a doença, como apontaram o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro Paulo Guedes. Sem imunização para diminuir os impactos da pandemia não haverá recuperação das contas públicas. O comércio e a indústria continuarão a patinar em pequenas recuperações e ondas de queda das atividades com o aumento de casos e mortes. Depois de mais de nove meses de pandemia, não resta dúvida de que dividir a discussão entre salvar a economia ou a saúde levará o Brasil a um precipício sem fundo à vista.
Que 2021 traga a esperada recuperação da saúde de Maguito, processo gradual e lento de avanços diários e pequenos, com possíveis desafios ao longo do demorado tratamento. A Covid-19 é uma doença mais do que traiçoeira, sobre a qual a ciência ainda não descobriu todas suas consequências e possíveis sequelas por se tratar de algo muito recente. Enquanto os negacionistas de última hora vendem tratamentos precoces milagrosos que não funcionam nem para garantir a esperança de um 2021 melhor, fiquemos com a seriedade dos gestores que têm a coragem de se arriscar, acertar e errar na tentativa de buscar o melhor para seus Estados e municípios. Que o novo ano aponte para a direção da racionalidade, das soluções possíveis, sem mercadores do milagre simplista que nunca virá.
Realidade dura
A realidade é sempre muito mais dura do que o sonho daquele que se desgruda da realidade e tenta bolar planos mirabolantes de entregar seu futuro nas mãos de seguidores da seita do menor esforço. Ninguém virou jacaré até o momento no mundo depois de receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Para que o Brasil não se torne um pária no mundo, entendamos que os esforços de políticos experimentados como os do governador Ronaldo Caiado e da equipe do prefeito Maguito Vilela precisam ser observados com atenção, tanto em seus acertos quanto nos momentos de deslize, para que avancemos em 2021. Esqueçamos 2020, sem deixar de aprender com as dificuldades que o ano passado nos obrigou a enfrentar.
O governador e o prefeito da capital precisarão trabalhar juntos para superar desafios que batem à porta desde ontem, como o fim do auxílio emergencial e dos benefícios concedidos às empresas de suspensão de contratos e redução de jornada dos funcionários. Na espera pela dita recuperação em V, Caiado e Maguito não podem apenas aguardar a definição de um plano de recuperação econômica do governo federal. Precisam agir. E, pela demonstração de força na negociação, tanto no Congresso Nacional quanto na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal, os dois políticos eleitos se apresentam como líderes na busca de soluções que podem ou não surgir nos próximos meses. Que 2021 dê destaque a quem trabalha para encontrar caminhos, não para aqueles que insistem em impedir a negociação de possibilidades.