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Siglas aguardam a definição de aliança entre MDB e DEM
Partidos que estão abertos para composição com os emedebistas acreditam que divisão interna deixa cenário incerto; grupo de prefeitos se reúne nesta quarta-feira (14) com Daniel Vilela
Líderes de partidos que têm interesse em formar coligação com o MDB para a eleição majoritária de 2022 observam os sinais de aproximação do presidente estadual da sigla, Daniel Vilela, com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). Para o comando de legendas como o PSDB, PT e Patriota, não há possibilidade de acompanhar o MDB em uma composição com o Democratas. No entanto, o posicionamento contrário do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, à aliança entre DEM e MDB é visto como indicativo de que o jogo ainda está aberto.
Na semana passada, Daniel e Caiado participaram juntos do evento de inauguração do Centro de Convenções e Eventos Luiz Alberto Maguito Vilela, em Aruanã, quando trocaram elogios e fizeram discursos com tom de aliança. Em entrevista ao POPULAR, também na semana passada, Mendanha fez críticas ao governo Caiado e disse que maioria do MDB é favorável a candidatura própria ao Palácio das Esmeraldas.
Daniel e Mendanha são vistos como possíveis nomes para encabeçar chapa do MDB na disputa pelo governo de Goiás. Em um cenário de compromisso com o DEM, Daniel poderia ocupar a vaga de vice ou de candidato ao Senado na chapa.
Após a morte de Maguito Vilela e aposentadoria de Iris Rezende, Daniel e Gustavo se tornaram os dois principais líderes emedebistas em Goiás e tentam preencher o vácuo no partido. Apesar de ter deixado a disputa nas urnas, Iris continua fazendo articulações políticas, e é o principal entusiasta de uma aliança entre DEM e MDB. Na eleição de 2018, Daniel e Caiado estiveram em lados opostos e o democrata saiu vitorioso.
Espera
Presidente do PSDB em Goiás, José Eliton afirma que seu partido não tem nenhuma conversa institucional com o MDB e “aguarda respeitosamente” a sigla, caso tenha interesse em dialogar. “Não vamos ficar igual folha de bananeira, indo de um lado para o outro. A posição do PSDB é clara, é de oposição. Vamos aguardar os partidos que estão flutuando.”
O tucano diz ainda que o PSDB conversa com todas as forças políticas do Estado. “Vamos ver se as convergências falam mais alto que as divergências.” Após o desgaste provocado pela derrota na eleição de 2018 e pela Operação Cash Delivery (que teve o ex-governador Marconi Perillo entre os alvos), o PSDB busca ter novamente posição de destaque na política do Estado.
No comando do Patriota em Goiás, Jorcelino Braga voltou a ressaltar que a legenda tem pré-candidato ao governo, o empresário e ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot. No entanto, diz que o próprio Jânio já afirmou que trabalhará para viabilizar sua candidatura, mas não descarta apoiar o MDB, caso a sigla lance candidato próprio.
De acordo com Braga, a consolidação de articulações entre DEM e MDB esfria a conversa dos emedebistas com o Patriota. A legenda fez parte da coligação do MDB na disputa pela Prefeitura de Goiânia em 2020. No pleito, o presidente do Patriota era responsável pelo marketing da campanha de Maguito.
Condições
A presidente do PT em Goiás, Kátia Maria, também diz que o partido conversou com diferentes legendas e o MDB é uma delas. “Eles (lideranças do MDB) vão ter de resolver primeiro o conflito interno, depois o PT pode falar alguma coisa”, diz sobre a aproximação com Caiado.
No caso do PT, a consolidação de qualquer aliança depende de compromisso com a oposição ao governo de Caiado e apoiar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República. Katia disse que já conversou sobre o projeto do PT com Mendanha, assim como outros prefeitos em Goiás, com o objetivo de ampliar o leque de possíveis aliados.
Ao POPULAR, Daniel disse que todos os partidos têm conversas com diferentes siglas, mas ressaltou que o MDB não possui diálogo institucional com o PSDB. “Não existe segurança de aliança com ninguém neste momento. Todos estão buscando seu lugar”, afirma.
Um grupo de prefeitos do MDB deve se reunir com Daniel na tarde de hoje com o objetivo de defender o apoio do partido à reeleição de Caiado em 2022 e a participação da sigla na chapa, com o presidente regional na vice. A informação foi revelada pelo Giro. Os prefeitos também devem pedir que a decisão seja tomada o mais rápido possível.
PSL e PSB não rejeitam apoio a Caiado
O PSL é outro partido que também tem diálogo aberto com o MDB, mas não descarta apoiar o DEM, desde que exista espaço na chapa de Ronaldo Caiado para a candidatura do presidente estadual da sigla, Delegado Waldir, ao Senado. Atualmente, Waldir está em seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados. Para o parlamentar, os elogios feitos por Daniel a Caiado no evento de Aruanã representaram apenas gratidão do emedebista ao governador pelas homenagens a Maguito.
Waldir disse ainda que respeita o MDB e suas articulações internas. “Me parece que o MDB ainda tenta candidatura alternativa. Tenho visto Gustavo Mendanha andar pelo Estado todo. Essa simpatia e cavalheirismo (entre Caiado e Daniel) não significam aliança.” O deputado diz ainda que eventual compromisso com o MDB goiano passa também por articulação nacional entre os partidos, que pode repercutir nos Estados.
Assim como o PSL, o PSB não descarta estar no palanque de Caiado em 2022, mas impõe condições. Segundo o presidente estadual da sigla, deputado federal Elias Vaz, se Caiado for isento quanto à disputa nacional, o apoio do PSB à reeleição do governador pode ocorrer. “Quem não está com Bolsonaro, é possibilidade”, completa.
Caiado já foi próximo a Bolsonaro, mas se afastou do presidente por causa de discordâncias relacionadas ao enfrentamento à pandemia. Na última visita do presidente a Goiás, em junho, o governador e aliados não compareceram à agenda.
Ainda de acordo com Elias, o partido não vetará conversas com nenhuma sigla por causa de acenos políticos. “Sei que o MDB não tem definição oficial sobre aliança. Claro que existem sinalizações, mas isso só vai se concretizar a partir do ano que vem”, diz Elias.
Em Goiás, o presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PSB), é aliado de Caiado. E já declarou que pode deixar o partido caso o apoio à reeleição do governador não ocorra. Questionado sobre o posicionamento de Lissauer, Elias afirmou que tem boa relação com o parlamentar e a decisão sobre permanência no PSB deve ser tomada em 2022. O posicionamento da sigla é consequência de orientação nacional, já que o PSB deve apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Ciro Gomes (PDT) para a presidência da República.