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Elisama Ximenes POLÍTICA Fundo eleitoral favorece MDB na chapa de Caiado
Para advogado eleitoral, porém, o PP e o PSD teriam maiores chances de atrair mais recursos do fundão localmente, já que distribuição entre diretórios estaduais é subjetiva
Se o governador Ronaldo Caiado (DEM) fosse usar apenas o fundo eleitoral que os partidos recebem nacionalmente como critério para decidir entre os cotados quem irá compor a sua chapa majoritária, o MDB teria vantagem sobre os demais. Pelo menos cinco partidos estão na briga pela vaga de senador e três pela de vice-governador, com Caiado disputando a reeleição.
O Congresso Nacional aprovou, recentemente, a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2022 com um fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões – quase o triplo dos R$ 2 bilhões pagos na última eleição. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou que deve sancionar a norma alterando o valor para R$ 4 bilhões.
Com o dobro do valor que é pago hoje, o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), conhecido como fundo eleitoral, ganha ainda mais relevância no cenário político, principalmente o nacional. Localmente, o seu peso muda, porque os critérios para distribuição do recurso para os Estados são definidos por cada partido. Então, não dá para saber exatamente quanto cada sigla terá disponível para despesas em campanha em Goiás, por exemplo.
Mas, considerando os números nacionais, entre os que disputam espaço na chapa majoritária do governador, o MDB é o que teria a maior fatia, levando em conta o fundo eleitoral de R$ 4 bilhões: R$ 291.413.630. Do partido, o presidente do diretório estadual, Daniel Vilela (MDB), é cotado tanto para disputar o Senado como a vice-governadoria no mesmo palanque em que Caiado pleiteará a reeleição.
A aliança do governador com o MDB, porém, ainda não é dada como certa. Como se sabe, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (MDB), opositor de Caiado, cotado para enfrentá-lo em 2022, tem defendido a candidatura própria. Contra ele, estão os outros 27 prefeitos, que em carta pedem o apoio emedebista à reeleição do democrata.
Em seguida, o Partido Progressistas, que tenta lançar o presidente da sigla em Goiás, Alexandre Baldy, como candidato ao Senado na chapa de Caiado, teria um recurso nacional de R$ 276.505.824, cerca de R$ 15 milhões a menos que o MDB.
Pesa sobre essa aliança, porém, o rompimento do pepista com Caiado, depois que o primeiro cobrou do governador, em entrevista ao POPULAR, apoio público ao então candidato a presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Integrantes do partido têm trabalhado para garantir a reaproximação dos dois.
Outro cotado para disputar o Senado na chapa do governador é o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), cujo partido receberia R$ 272.973.575 de fundo eleitoral, com o novo valor a ser sancionado.
Para o advogado eleitoral Dyogo Crosara, da lista de possíveis companheiros de Caiado em 2022, os ex-ministros Meirelles e Baldy são os que mais têm chances de atrair uma fatia maior dos recursos de seus partidos para os diretórios estaduais, devido à relevância nacional de seus nomes.
Com uma aliança com o Republicanos sendo desenhada por meio do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, o deputado federal João Campos é outro que entra no páreo por espaço na chapa para disputar o Senado. Seu partido ganharia, nacionalmente, R$ 197.807.952 de fundo eleitoral.
Ainda há chances também de Wilder Morais (PSC), que já foi senador, buscar espaço para retornar ao cargo. O PSC teria à disposição R$ 65.337.639,60 de fundo, a menor quantia entre os cotados.
Na disputa pela vice-governadoria ainda tem o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Lissauer Vieira (PSB). Seu partido teria R$ 215.326.998 à disposição no ano que vem, mas, como se sabe, o deputado pode trocar de partido, já que colocou como condição à sua permanência o apoio do PSB à reeleição de Caiado.
Por último, o vice-governador Lincoln Tejota (Cidadania) ainda é cotado para disputar a reeleição ao cargo. Com o fundo de R$ 4 bilhões no ano que vem, a legenda teria R$ 70.418.712 de recursos a serem divididos entre os Estados.
Influência
Para o advogado eleitoral Leonardo Batista, a quantia que cada partido recebe para bancar suas campanhas tem grande influência na formação de alianças eleitorais. “O partido com maior capacidade econômica pode contribuir mais”, diz, mas explica que outros fatores também pesam.
Já Crosara pontua que o fato da sigla ter um fundo eleitoral robusto não garante que o recurso que ele vai receber localmente será tão relevante. “Hoje, nós temos o limite dos gastos que pode cacifar alguns partidos. Mas além disso, como os critérios para distribuição regional são subjetivos, siglas com os maiores fundos, mas com pouca relevância política no Estado podem não ganhar muitos recursos”, explica ao mencionar o PT e o PSL, que, por terem as maiores bancadas na Câmara dos Deputados, possuem a maior fatia do fundo eleitoral.
O especialista afirma, ainda, que, pela experiência que tem em campanhas, geralmente os diretórios nacionais destinam mais recursos para os Estados onde os candidatos têm maior relevância nacional. Por isso ele aposta que Baldy e Meirelles possam atrair mais dinheiro para os partidos localmente.
Os dois têm candidaturas amparadas diretamente pelos presidentes nacionais de suas siglas, Ciro Nogueira (PP) e Gilberto Kassab (PSD), respectivamente. “Depende da influência que esse candidato vai ter junto ao diretório nacional”, diz.
Para Crosara, essa falta de uma norma para se estabelecer como o fundo será dividido entre os diretórios regionais acaba atrapalhando. “É um absurdo essa falta de critério da distribuição do fundo eleitoral para os Estados. Acaba que depende muito das alianças nacionais”, argumenta.
Ainda não se sabe, porém, que peso terão esses dados na decisão do governador. O que se ouve de governistas é que, por ora, o que deve pesar na decisão sobre quais nomes vão estar na chapa do democrata são as pesquisas internas.