Notícias
Caiado e Waldir convergem sobre fusão do DEM com PSL
Acordo é vantajoso para o governador tanto pelo fundo eleitoral e tempo de TV do PSL, o segundo maior do Brasil, como para impedir que o partido integre um grupo de oposição no Estado
A fusão entre DEM e PSL é de interesse dos dirigentes partidários em Goiás, que preveem novas filiações, apesar da previsão de perda imediata de três deputados estaduais. O governador Ronaldo Caiado, que preside o DEM estadual, tem participado das reuniões de lideranças nacionais em defesa da união.
Já o deputado federal Waldir Soares, presidente do PSL goiano, se aproximou de Caiado nas últimas semanas e também se diz favorável à fusão, embora esteja de olho na disputa ao Senado e seja improvável que um mesmo partido fique com duas vagas na chapa.
Para Caiado, o acordo é vantajoso tanto pelo fundo eleitoral e tempo de televisão do PSL – segundo maior do Brasil -, o que atrai candidatos, como para impedir que o partido integre um grupo de oposição. “Todos nós sabemos que é muito positivo”, disse o governador nesta sexta-feira 10.
Enquanto Waldir esteve rompido com o governo, ele discutiu com outras siglas, incluindo o MDB, a possibilidade de alianças. O MDB, no entanto, já fechou acordo com Caiado para que o presidente do diretório estadual, Daniel Vilela, seja candidato a vice no ano que vem, o que restringe os caminhos do PSL.
Ao Giro de segunda-feira (6), Waldir disse que o novo partido, como maior do País e com 90 prefeitos em Goiás, tem musculatura para ficar com duas vagas na chapa majoritária. A possibilidade é considerada pequena, já que outros partidos importantes no Estado estão de olho na vaga para o Senado, como o PSD de Henrique Meirelles, o PP de Alexandre Baldy e o Republicanos de João Campos.
Nesta sexta-feira, ele afirmou que pedirá ao governador a definição de critérios para a escolha do nome para o Senado. “Serão pesquisas, densidade eleitoral? Eu vou me submeter aos critérios estabelecidos, mas sabemos que apareço bem nas pesquisas internas.”
Waldir minimiza a tendência de desfiliação dos três deputados estaduais: Major Araújo, Humberto Teófilo e Paulo Trabalho. Os dois primeiros atuam na oposição e Paulo se considera “independente”. Diz que vota com o governo em troca de obras nas suas bases. “É uma barganha do bem”, afirma.
“A fusão é uma estratégia nacional para superar o PT e ser o maior partido do País. Como vem de cima para baixo, nós, que sempre fomos democráticos no partido, respeitamos a decisão de saída. Se não é bom para os deputados, é o sonho de consumo para os prefeitos, por exemplo. É contra um, mas é a favor de muitos”, diz Waldir.
A previsão no acordo nacional é que Caiado presida o partido em Goiás. Major Araújo e Teófilo dizem ser impossível permanecer na sigla sob o comando do governador, a quem fazem forte oposição. “Sou um crítico contumaz do governo. Abro mão do fundão para manter minha coerência”, diz Teófilo, que também defende a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, caminho diferente do que deve adotar a nova sigla.
Em meio às discussões dos dirigentes nacionais dos dois partidos, são cogitados os nomes do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), do apresentador José Luiz Datena (PSL-SP) e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para a disputa à Presidência da República. Pacheco articula trocar o DEM pelo PSD, mas participa das reuniões sobre fusão dos dois partidos.
Paulo Trabalho diz que a fusão ajuda a abrir caminho em Goiás para uma terceira via com uma chapa que seja apoiada por Bolsonaro no Estado. Ele acredita que Waldir será candidato ao Senado no grupo de Caiado e prevê que isso dê espaço para uma composição de partidos e atores mais alinhados com o presidente, com o DC à frente. O deputado afirma que tem interesse em ser candidato ao Senado neste grupo do palanque de Bolsonaro, mas não descarta disputar a reeleição. “Será um grupo verdadeiramente de direita em Goiás.”
No grupo dos cinco deputados estaduais do DEM, não há previsão de saída por conta da fusão, embora aqueles que têm projeto de disputar a reeleição já comecem a cobrar nomes para reforçar a chapa. As cúpulas dos partidos afirmam que a confirmação de não retorno das coligações – aprovado na Câmara, mas que não deve passar no Senado – vai tornar o novo partido atrativo para pré-candidatos.
O fato de Caiado fortalecer o quadro de alianças e ainda não contar com opositores fortes também facilita adesões, dizem.
Na Câmara, os dois partidos têm quatro nomes: além de Waldir, Vitor Hugo (PSL), Zacharias Calil e José Mário Schreiner, ambos do DEM. Vitor Hugo pretende se filiar na mesma sigla de Bolsonaro.
A previsão é que o anúncio oficial da fusão ocorra ainda este mês. Os dois partidos assinaram nota conjunta de críticas ao presidente Jair Bolsonaro pelos discursos na manifestação de 7 de setembro. Ainda não há definição sobre o nome do novo partido, mas a informação de bastidores é que terá o número que hoje é do DEM, 25.
Além de ter o maior fundo eleitoral e tempo de televisão, o novo partido terá candidatos ao governo em metade dos Estados e deve contar com a maior bancada na Câmara dos Deputados – somariam 81 deputados, mas há previsão de saída de pelo menos a metade dos que estão no PSL hoje.
No dia 31 de agosto, houve reunião na casa de Antonio Rueda, vice-presidente do PSL, para discutir a fusão, com a presença de Luciano Bivar e ACM Neto, dirigentes nacionais dos dois partidos, Caiado, Pacheco, senador Davi Alcolumbre (DEM) e deputado federal Elmar Nascimento.
Pelas conversas, Luciano Bivar seria o presidente nacional, com ACM de vice, e divisão dos diretórios estaduais.