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Agora a referência do MDB goiano, basta a Daniel Vilela aplicar o que aprendeu com os mestres Iris e Maguito
O ano mais desafiador de sua vida pessoal e pública também é a oportunidade para aproveitar da melhor forma o protagonismo chega a suas mãos
Na terça-feira, 9, quando estava no Aeroporto Santa Genoveva, à espera da chegada do esquife de Iris Rezende ao hangar do governo de Goiás – de onde sairia um primeiro cortejo rumo ao Palácio das Esmeraldas, local do velório –, Daniel Vilela obviamente atraiu a atenção dos repórteres que por ali se encontravam. Nada mais óbvio, também, que fosse instado a falar sobre sua relação com o lendário ícone do partido do qual ele é o presidente estadual já faz mais de cinco anos.
Naquele momento, entre as inúmeras recordações que poderia ter escolhido para citar, Daniel se lembrou imediatamente das memórias de infância: “Tive o privilégio de conviver com Iris desde os primeiros anos de vida.” O filho de Sandra e Maguito Vilela nasceu em 1983, quando Iris iniciou seu primeiro mandato como governador do Estado, praticamente aclamado pelo povo goiano nas eleições do ano anterior frente ao candidato da situação, o ex-governador Otávio Lage. Começava também naquele ano o mandato de Maguito Vilela como deputado estadual. Juntamente com Iris, o pai de Daniel formaria a dupla de ouro do partido em Goiás a partir de então e por quase quatro décadas.
Por uma triste coincidência, ambos partiram neste 2021 conturbado para tudo e para todos, e tanto mais para o presidente do MDB estadual. Sem o pai Maguito nem o “padrinho” Iris, Daniel Vilela, aos 38 anos, é agora o grande timoneiro da sigla. Poderia ter em Gustavo Mendanha, seu amigo de infância e de décadas, igualmente por afinidades políticas das famílias – como Maguito, Léo Mendanha, pai de Gustavo, também foi um emedebista histórico (e também morreu em decorrência da Covid-19, em abril deste ano) –, o parceiro para essa empreitada.
Mas Daniel está só no comando da nau. O jovem prefeito de Aparecida de Goiânia resolveu se lançar em voo solo em busca do poder, marcando território como oposição ao governo de Ronaldo Caiado (DEM). Deixou o partido e, com isso, também corações partidos, ao recusar uma sensata aliança na base, que pode gerar, logo ali na frente, um novo protagonismo ao MDB, do qual seria, com certeza, um dos maiores líderes.
Por conta das mortes de Maguito e de Iris, bem como do divórcio político com o amigo-irmão Gustavo Mendanha simultaneamente à aliança com Caiado, além do rompimento com o vice e agora prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), esta quadra do tempo não tem como não ser um divisor na vida pública de Daniel Vilela.
Muita responsabilidade carregar o maior partido do Estado nos ombros rumo a uma empreitada bem-sucedida? Talvez fosse, não fosse Daniel haver se preparado para a missão. Além de ter passado por várias crises internas, comuns a um partido do tamanho e peso do MDB por aqui, ele teve praticamente em casa e desde sempre os dois grandes esteios políticos para formar sua própria identidade.
Do lado de Iris, como o próprio Daniel disse na sequência da entrevista no aeroporto, vem o exemplo de contato com o povo e de carisma inigualável. “Iris foi para nós o líder mais popular, alguém extraordinário na essência da palavra. (…) Não foram só conselhos, mas também os atos, a história, a vida de trabalho. Não temos o direito de errar, porque tivemos um grande líder nos orientando.”
Ser um novo Iris está fora de cogitação, não apenas para Daniel, mas para qualquer outro que pretenda uma posição de hegemonia na política goiana. Iris Rezende Machado foi único na história de Goiás e talvez único também no Brasil, em seu tipo de carisma. Sim, grandes lideranças nacionais – como Leonel Brizola, Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas – e regionais – como Miguel Arraes, Antonio Carlos Magalhães e o próprio Pedro Ludovico – foram carismáticas cada qual a seu jeito, mas o goiano de Cristianópolis tinha um jeito de olhar, falar e tocar as pessoas que lhe era singular.