Notícias
Doria derrota Eduardo Leite e será candidato do PSDB à Presidência em 2022
O governador João Doria venceu sua 3ª prévias tucanas neste sábado (27.nov)
O governador de São Paulo, João Doria, venceu as prévias e tem o aval do partido para ser o candidato do PSDB a presidente nas eleições de 2022. O nome foi definido neste domingo (21.nov.2021).
Doria derrotou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. Ele teve mais da metade dos votos no 1° turno do pleito. Agora, Doria pretende organizar seus apoios nos Estados e ajudar a organizar as outras candidaturas tucanas para 2022. Deve fazer uma reunião com sua equipe já na 2ª feira (30.nov).
A equipe de Doria previa a vitória com pouco mais de 60% dos votos. Venceu com 53,99%. Eduardo Leite teve 44,66% e Arthur Virgílio 1,35%. A campanha do paulista avaliava ter concretizado a vantagem nas últimas semanas.
O sistema de votos do PSDB que foi usado neste fim de semana, da BEEvoter, registrou 25.854 votos. Houve quase 30 milhões de tentativas de invadir o sistema, segundo o presidente do PSDB, Bruno Araújo.
As prévias do partido deveriam ter sido concluídas em 21 de novembro, mas um problema no aplicativo desenvolvido para a votação levou a direção tucana a adiar o pleito. O fiasco acirrou a divisão interna na legenda, que vê cada vez mais distante sua era de protagonismo no processo político brasileiro. Na última semana, por exemplo, Luiz Henrique Mandetta, que aventava ser candidato a presidente, anunciou apoio a Sergio Moro (Podemos).
O PSDB gastou R$ 1,6 milhão com o app desenvolvido pela Faurgs (Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e que falhou no domingo passado. A fundação disse ter sido alvo de um ataque hacker.
A nova votação, feita da 8h às 17h foi realizada a partir de um sistema BEEvoter. Antes, o PSDB ainda testou plataforma da RelataSoft, mas os resultados dos testes foram considerados insatisfatórios.
ESTRATÉGIA
Doria teve equipes para sua campanha em 21 Estados, além de ter enviado 17 pessoas para morar nas unidades da Federação. A organização e profissionalismo da equipe seguiram moldes de campanhas presidenciais, com divisão interna de tarefas, hierarquização de papéis e trabalho de coleta de dados em um data center.
O governador também viajou a municípios de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Pará, Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso, Tocantins, Minas Gerais, Sergipe, Paraíba, Ceará, Bahia e Rio Grande do Sul.
A campanha dele é coordenada por Wilson Pedroso e tem como marketeiro Daniel Braga, que trabalhou no passado com Doria e cunhou o termo “João Trabalhador“. Braga também foi da equipe de Henrique Meirelles e foi responsável pelo grupo que criou o slogan “Chama o Meirelles“.
Na última pesquisa do PoderData sobre as eleições de 2022 realizada de 22 a 24 de outubro, 58% dos brasileiros disseram que não votariam “de jeito nenhum” em Doria para presidente, se as eleições fossem naquele momento. Eduardo Leite tinha 54%. Doria marcou 5% das intenções de voto no 1º turno. E tinha uma distância menor que Leite do ex-presidente Lula em um hipotético 2º turno.
Na semana anterior às prévias tucanas, o Poder360 entrevistou o tucano.
A votação foi polarizada entre o paulista e o gaúcho. Leite já afirmou que se não fosse liderar uma chapa presidencial nas eleições de 2022, não disputaria outro cargo. Seu plano, segundo afirma, é permanecer até o final de seu mandato como governador do Rio Grande do Sul e não tentar a reeleição, algo que é contra.
Virgílio não tinha chances de vitória. Ele mesmo declarou que o seu objetivo ao concorrer nas prévias eram 2: resgatar valores da fundação do PSDB e falar sobre a Amazônia. Deve sair candidato ao Senado ou à Câmara pelo seu Estado.
O PSDB EM 2022
Mais do que uma escolha sobre quem concorrerá ao Planalto e liderará o partido, as prévias chegam ao PSDB como um teste sobre a capacidade de sobrevivência da legenda depois do fracasso de 2018. Os tucanos tiveram naquele ano o pior resultado eleitoral desde 1994. Geraldo Alckmin teve só 4,76% dos votos. Ficou em 4º lugar, bem longe do 2º turno.
A ideia do PSDB é energizar o partido com as prévias. Os tucanos estão rachados com disputas internas e fora do poder há 18 anos. Mas é fato que a movimentação gerou fatos políticos e cobertura midiática foi ampla –talvez desproporcional ao tamanho atual do partido, mas em conformidade com o seu histórico.
Haverá “cicatrizes”, disse o presidente do PSDB, Bruno Araújo, ao Poder360. É real o risco de uma debandada por parte dos aliados dos candidatos perdedores. Mas os 2 principais candidatos e o presidente do partido dizem que haverá paz e união depois do processo. Só o tempo dirá.
Dos tucanos históricos, FHC e José Serra declararam votos a favor de Doria. Tasso Jereissati, José Aníbal e Geraldo Alckmin estão ao lado de Leite. As prévias tiveram momentos de altos e baixos entre os principais concorrentes. Houve embates e trocas de acusações entre João Doria e Eduardo Leite. Mas ambos dizem ser possível ter paz e união depois de definido o candidato.
Bruno Araújo diz que as prévias garantem que o desempenho em 2022 será superior ao de 2018 –quando o partido não soube entender o eleitor, nas palavras do dirigente partidário. Araújo arrisca um número para quantos deputados devem ser eleitos pela sigla: “Não faremos menos de 40”. Hoje, são 30.
A votação nas prévias se deu em 2 formatos. Para os filiados sem mandato e vereadores (39.737), o voto foi pelo aplicativo desenvolvido pelo partido e foi alvo de críticas tanto de Doria quanto de Leite. Já os eleitores qualificados (governadores, deputados, presidentes e ex-presidentes do partido) foram a Brasília para votar em urnas eletrônicas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
As prévias tiveram os votos divididos em 4 grupos, cada um com 25% do peso. Doria e Virgílio foram contra o sistema. Queriam que todos os votos valessem de forma igual.