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Depois de Daniel, desafio de Ronaldo Caiado é resolver a vaga para o Senado

Depois de Daniel, desafio de Ronaldo Caiado é resolver a vaga para o Senado

access_time 3 anos ago

Governador tem desafio de encaixar cinco pré-candidatos ao Senado em uma só vaga e manter o apoio de todos na corrida pela reeleição no Estado | Foto: Reprodução

Por: Augusto Diniz

Muitos pensaram que o maior problema da formatação final da chapa do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) na busca pela reeleição no Palácio das Esmeraldas era o vai e volta do ex-pré-candidato a senador pelo PSD, o ex-presidente do Banco Central e secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles.

Confirmada a desistência de Meirelles, que migrou para o União Brasil e pode ser vice do governador Ricardo Garcia (União Brasil) ao Palácio dos Bandeirantes, Caiado tem cinco pedras no caminho até fechar os nomes do concorrente ao Senado que vai caminhar ao seu lado.

O primeiro desafio de Caiado é decidir qual o melhor entre os cinco nomes postos como pré-candidatos ao Senado entre os partidos da base do governo sem desagradar qualquer uma das siglas e conseguir manter o apoio de todas elas.

A começar pelo atual ocupante do cargo, que foi primeiro suplente do governador na eleição para senador em 2014. Luiz Carlos do Carmo assumiu quando Caiado se lançou pela segunda vez ao governo de Goiás em 2018. Um sonho nutrido desde 1994, mas que só se realizou no primeiro turno há quatro anos.

Luiz do Carmo assumiu, ainda pelo MDB, e levou para Caiado o apoio não só do irmão, Eurípedes do Carmo, que é presidente estadual do PSC, mas também uma boa quantidade de lideranças religiosas que confiam na figura do bispo Oídes do Carmo, vice-presidente da Convenção Nacional das Assembleias de Deus Madureira.

Mesmo que o senador tenha dificuldades, ao menos inicialmente, para se reeleger, ter um pastor como Oídes ao seu lado é contar com predisposição de ser ouvido por grande parte dos evangélicos do Estado.

Se Luiz do Carmo não ficar com a vaga na chapa majoritária ao lado de Caiado e do presidente estadual do MDB, Daniel Vilela, que é pré-candidato a vice-governador, o que fazer com o irmão de Oídes.

Consulta ao TSE

Parte da solução pode estar na consulta que outro interessado na vaga ao Senado, o deputado federal Delegado Waldir (União Brasil) fez ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Waldir aguarda avaliação do TSE para saber se, caso não conquiste o posto ao lado de Caiado e Daniel na chapa governista, pode se lançar candidato a senador de forma avulsa. A possibilidade garantiria palanque para Caiado além do nome oficialmente presente na chapa.

Na fusão do PSL com o DEM, que fundou o União Brasil, Delegado Waldir perdeu a presidência do extinto PSL e viu o manda-chuva do Democratas se tornar o presidente estadual da nova sigla. O controle do partido ficou nas mãos de Caiado em Goiás. Nos primeiros anos da gestão caiadista, o governador e o parlamentar tiveram desentendimentos, alguns bem calorosos. Hoje parecem ter aparado as arestas nas divergências e caminham juntos no mesmo projeto eleitoral.

Para Delegado Waldir, que se manteve no União Brasil durante a janela encerrada no sábado (2/4), praticamente resta aceitar o que for definido pelo partido por ele. Mas vale lembrar que em 2016, quando o deputado tentou ficar com a vaga de candidato a prefeito de Goiânia, ainda no PSDB, foi barrado pelo então governador Marconi Perillo, que preferiu lançar o à época deputado federal Giuseppe Vecci.

No final da pré-campanha, Marconi precisou apoiar Vanderlan Cardoso (PSD), então no PSB. A Delegado Waldir restou se filiar ao PR, hoje PL, de Magda Mofatto, mas fazer campanha praticamente batendo cabeça com a cúpula da nova sigla. A confiança de Caiado teria de ser na crença de que Waldir não romperia com o governador no meio da corrida eleitoral.

João Campos e a Igreja Universal

O Partido Republicano Brasileiro (PRB), mais conhecido como reduto eleitoral da Igreja Universal, antes de mudar de nome em 2019 para Republicanos, fez um acordo com alguém de fora do seu reduto religioso. Chamou o pastor João Campos, da Assembleia de Deus Ministério Fama, para se tornar presidente estadual do então PRB. Com isso, o Republicanos ganhou um deputado federal em Goiás.

Hoje à frente a Prefeitura de Goiânia com o duas vezes vereador Rogério Cruz, o Republicanos goza de prestígio em Brasília pela proximidade com o presidente Jair Bolsonaro (PL). E João Campos nutre o desejo de chegar ao Senado. Projeto que casou com os interesses políticos da Igreja Universal, que é ter um representante do Republicanos como senador.

A pergunta é: João Campos conseguirá conquistar apoio suficiente para bancar a vaga deixada por Henrique Meirelles na chapa de Caiado? E se não chegar lá, o Republicanos pode saltar da base e nadar na direção de outro pré-candidato a governador, como o deputado federal Vitor Hugo (PL) ou o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha?

Prestígio no Palácio do Planalto

Um dos pré-candidatos com força em Brasília é o ex-deputado federal e ex-ministro das Cidades no governo Michel Temer (MDB), Alexandre Baldy. O presidente do PP, assim como Delegado Waldir, já deu sinais de que, mesmo que não consiga emplacar seu nome na chapa governista, tentará lançar candidatura ao Senado de forma avulsa.

Em Brasília, o prestígio de Baldy aumentou com a chegada do senador licenciado e presidente nacional do PP ao Ministério da Casa Civil. Ciro Nogueira (PP-AL) garantiu a Goiás a segunda posição na lista dos Estados que mais receberam ônibus escolares do Ministério da Educação por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

De acordo com apuração do Estadão, a distribuição dos veículos ocorreu em maior quantidade para Estados onde Ciro Nogueira e o PP têm aliados fortes. E Baldy não negou a movimentação. Disse que a posição de Goiás no recebimento de ônibus escolares é resultado do reconhecimento da “força do partido”. Baldy, ao lado de Caiado, pode representar uma ponte valiosa na busca por recursos junto ao Palácio do Planalto. A missão do governador na escolha do nome que irá concorrer ao Senado em sua chapa é complicadíssima.

Cotado como favorito

Se entrar mesmo na disputa, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Lissauer Vieira (PSD), tende a ser o favorito na briga pela vaga ao Senado na chapa de Caiado. Em primeiro lugar, Lissauer se filiou recentemente ao partido que era o dono natural da candidatura quando Meirelles estava no páreo, mesmo que titubeante.

O segundo ponto a ser destacado é a importância que o presidente do Legislativo goiano demonstrou como grande líder na aprovação de projetos de interesse do governo estadual da Casa, atuando muitas vezes com mais veemência do que o próprio líder de Caiado na Assembleia, o deputado estadual Bruno Peixoto, que trocou o MDB pelo União Brasil.

Se Caiado parece dever tanto a Lissauer pela aprovação de proposta importantes para a gestão do Estado, natural seria já ter lançado o presidente da Assembleia com pré-candidato ao Senado em sua chapa. Mas antecipar a decisão pode desagradar cedo demais outros aliados que sonham com o posto e seus partidos, que hoje ajudam o governador a não deixar migalhas aos adversários na hora de buscar apoio de grandes partidos para a corrida ao Palácio das Esmeraldas.

Dado o cenário delicado, em que qualquer movimento errado pode botar a estratégia, até aqui bem-sucedida, em risco, Caiado precisará usar habilidades de um experiente enxadrista. O momento é de observar os movimentos e escolher a peça certa enquanto contém o ímpeto de fazer uma jogada que pareça óbvia, mas que comprometa sua reeleição. Será preciso muita sabedoria e paciência para evitar que todo o trabalho consolidado de pré-campanha venha a desmoronar.

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