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Gabeira: “Brasil precisa atrair investimentos e cuidar das grandes cidades”
Foto: Divulgação
Jornalista vem a Goiânia a convite da Elysium
Por: Bruno Hermano
Goiânia
– Para o jornalista e ambientalista Fernando Gabeira, o Brasil precisa atrair investimentos para se adaptar às mudanças climáticas e a eleição de Lula significa a possibilidade de que isso aconteça. Gabeira concedeu entrevista exclusiva ao jornal A Redação nesta quarta-feira (16/11), na qual falou sobre suas expectativas em relação à COP-27 e sobre as questões ambientais no Brasil com a eleição de Lula.Segundo o jornalista, a presença de Lula simboliza “a volta do Brasil ao protagonismo na política ambiental planetária. Significa a possibilidade de atrair investimentos para o meio ambiente e também liberar os investimentos em infraestrutura”. Sobre a COP-27, Gabeira acredita que há esperança dos países participantes fortalecerem suas metas de redução de emissões, principalmente do Brasil.
Gabeira estará em Goiânia nesta sexta-feira (18/11) para participar da Jornada de Estudos Brasileiros: a Natureza e a Cidade, realizada pelo Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Federal de Goiás (CEB/UFG) com patrocínio do Conselho Regional de Engenharia de Goiás (Crea/GO) e apoio da Sociedade Cultural Elysium e do Instituto Biapó.
Confira abaixo a entrevista:
Qual a expectativa em relação à COP-27? Acha possível um acordo entre países mais ricos para garantir que a oferta de US$100 bilhões para financiamento climático aos países em desenvolvimento seja cumprida?
Creio que a Cop-27 tem como principal tema perdas e danos. O dinheiro previsto para compensar os países mais pobres é um dos aspectos centrais dessa compensação. O esforço será no sentido de fazer com que os países mais ricos assumam sua responsabilidade, embora a conjuntura não seja a melhor: inflação nos EUA, crise energética na Europa. O problema é que o aquecimento global prossegue com seus eventos extremos, atingindo muito diretamente os países mais pobres. Não há mais tempo para protelar a compensação.
Há esperança de que os países participantes fortaleçam suas metas nacionais de redução de emissões?
Há esperanças, principalmente no Brasil, que possivelmente fortalecerá suas metas, a partir, principalmente, da possibilidade do desmatamento zero.
Como analisa a questão do meio ambiente, hoje, no Brasil? Quais seriam os caminhos para o Brasil se tornar uma nação sustentável?
O Brasil acaba de passar por uma política catastrófica no meio ambiente. No entanto, suas possibilidades são enormes: O país detém 60% das florestas tropicais, 15% da água doce e 10% da biodiversidade do planeta. É uma potência ambiental. Precisa explorar essas possibilidades e também atrair investimentos para a adaptação às mudanças climáticas, sobretudo cuidando das grandes cidades, muito ameaçadas pelos eventos extremos. Será preciso uma nova forma de crescimento, mais investimentos inclusive externos, e abertura de milhares de empregos verdes.
A eleição de Lula pode representar avanço nas questões ambientais?
A presença de Lula simboliza a volta do Brasil ao protagonismo na política ambiental planetária. Significa a possibilidade de atrair investimentos para o meio ambiente e também liberar os investimentos em infraestrutura, inibidos pela política ambiental de Bolsonaro. Os fundos de pensão, por exemplo, têm regras e não podem aplicar em países que destroem deliberadamente sua natureza. A presença de Lula abre novas possibilidades de articulação, sobretudo com Indonésia e Congo, que têm florestas tropicais. Seria uma organização de donos de florestas, e abre também a possibilidade de articulações com outros países amazônicos aqui na América do Sul.
Como avalia a participação de Lula na COP-27 até o momento?
Creio que ele está dando o recado certo. Infelizmente chegou uma semana em que os grandes líderes já foram embora. No entanto, terá contato com John Kerry, por exemplo, e outras autoridades ambientais dos maiores países do mundo.