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PL pode sofrer sequência de baixas pós-eleitorais
Em função, não só, mas também, de seu peso político, o PL tem poder de barganha junto ao governo Lula
O Partido Liberal de Jair Bolsonaro vive uma situação complicada. Nos bastidores da política regional e nacional, comenta-se que o destino das sigla passa por uma espécie de ‘desidratação inevitável’. Os últimos dias mostraram que, de fato, paira no núcleo duro do partido um clima tenso. Não se sabe, porém, se contornável.
Estima-se que as baixas mais significativas podem ocorrer depois do processo eleitoral de 2024. Os motivos, claro, são estratégicos. Nunca é demais lembrar que o PL lidera em número de parlamentares no Congresso. Isso garante ao partido a maior fatia dos recursos destinados ao financiamento de campanhas deste ano.
Nem todos os alçados pelo partido ao Legislativo estarão na disputa eleitoral que se aproxima. Mas boa parte deles, sim. A permanência estratégica no PL garantiria, portanto, não só o acesso aos vultosos recursos como a possibilidade de aglutinação da oposição ao Governo Federal e claro: o peso do bolsonarismo. Características cobiçadas por todo e qualquer candidato.
Passadas as eleições, sabe-se que amargar até 2026 como oposição ao governo não será tarefa fácil. Em função, não só, mas também, de seu peso político, o PL tem poder de barganha. Na outra ponta, o governo tem, como sempre teve, interesse pelo grupo capaz de desequilibrar qualquer votação no Congresso.
Na sede pelo poder, o partido tende a fazer o que deve ser feito. Isso já está, inclusive, subentendido por diversas lideranças que buscam, desde já, uma nova morada.
A situação, que já não era das melhores, foi maximizada a partir de sinalizações feitas por integrantes estratégicos do partido ao governo Lula (PT).
A reportagem mostrou em edição recente que Valdemar Costa Neto afirmou que Lula tem “prestígio” e Bolsonaro “carisma”. Além disso, declarou que o ex-presidente é mais difícil de lidar. Jair reagiu sem citar nomes. Em um vídeo gravado no litoral do Rio de Janeiro ele criticou o aliado.
“Esta semana tive um problema sério, não vou falar com quem. ‘Ó, se continuar assim, você vai implodir o partido’. Pessoa do partido dando declaração absurda. Como ‘o Lula é extremamente popular’. Manda ele vir tomar um 51 ali na esquina. Não vem”, disse Bolsonaro.
O ex-chefe do Executivo também chegou a falar em “implosão” do partido após a fala de Costa Neto. Valdemar usou o X (antigo Twitter) para dizer que houve recorte da entrevista. “Estão me atacando usando uma fala minha sobre o Lula que está fora de contexto. A esses, deixo um recado: quem não tem lealdade e fidelidade tem vida curta na política. Sou leal ao Bolsonaro e fiel aos meus princípios. Quem me conhece sabe que minha palavra não faz curva.”
Uma fonte de Goiás ligada a Bolsonaro explica que o ex-presidente ficou chateado. “Fala esquisita. O trecho divulgado foi fora de contexto, mas foi, ainda assim, um gesto para o campo adversário. Ele também elogiou Bolsonaro, mas deu uma impressão muito forte do Lula.”
De acordo com essa fonte, contudo, o problema foi sanado rapidamente e as conversas já ocorriam. Dessa forma, não houve interrupção das articulações em Goiás. Ainda assim, ele ressalta que houve conflito entre o PL bolsonarista e o PL não bolsonarista.