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Entenda como andam as articulações para eleição da Assembleia Legislativa
Dois democratas se mostram como principais e únicos candidatos; Casa se vê diante de uma disputa entre dois caiadistas
A eleição da Assembleia Legislativa de Goiás, como costumam ser as disputas legislativas, costuma ser definida nas vésperas, quiçá no dia, do pleito. Ainda bambeando na indefinição, dois democratas se colocam como os principais candidatos. O impasse correligionário divide os parlamentares e confunde a costumeira corrida entre oposição e situação.
Favorito do governador Ronaldo Caiado (DEM), o deputado estadual Álvaro Guimarães surge como nome protagonista desde o resultado da eleição 2018. Na defesa por uma administração transparente e sob a promessa de fazer uma gestão eficiente, o legislador já conta com mais de 30 apoiadores, entre os 41 que compõem a Assembleia.
Álvaro está em seu sétimo mandato como deputado, foi duas vezes vereador de Itumbiara e três vezes secretário de Estado. O parlamentar afirma que conta com sua experiência para conquistar a confiança dos colegas da Alego e vencer o pleito marcado para o dia 1º de fevereiro.
Uma das suas principais propostas é reduzir o número de comissionados na Casa. “Aqui tem mais comissionado que concursado, o deputado tem uma cota de funcionários e iremos respeitar, mas temos que avaliar toda a situação e manter apenas os servidores cujo serviço seja indispensável, mas sempre respeitando o direito e a autoridade de cada parlamentar”, acrescentou.
Além disso, o candidato se dispõe a trabalhar em diálogo com o governador. “Embora sejam poderes distintos, o Executivo e o Legislativo, vamos batalhar juntos para o crescimento do Estado”, disse. O que era esperado, já que seu nome já está ligado ao de Caiado na disputa.
Em oposição a Álvaro, surge o correligionário Dr. Antônio (DEM), que havia manifestado o interesse em pleitear o cargo de presidente da Alego antes do governador declarar seu apoio ao colega. Ele havia desistido, então, mas voltou atrás recentemente, quando percebeu que poderia conquistar votos, frente à especulada unanimidade do outro candidato.
Somando forças com Major Araújo (PRP) e Humberto Teófilo (PSL), o médico lançou seu nome no dia 18 de dezembro e, à época, dizia que já tinha mais votos que o adversário. À reportagem, Dr. Antônio disse que, até a quinta-feira, 17, contava com 16 aliados. Ou seja, a conta não fecha se somada aos possíveis votos de Álvaro. A ideia é continuar dialogando para conquistar a maioria.
“Vamos intensificar as articulações a partir das convocações para sessões extraordinárias na próxima semana”, disse. Apesar da aparente desvantagem, principalmente por não ser o favorito de Caiado, Antônio parece confiante. “Escolha de mesa diretora do Legislativo só se define próximo à eleição, acredito no nosso projeto por não termos compromissos com ex-presidentes e membros do governo anterior”, afirmou ao cutucar Álvaro, que esteve com Marconi Perillo (PSDB) quando era do PR.
As propostas de Antônio combinam com as do adversário quando o assunto é transparência e comissionados. Mas em relação aos últimos, a do médico parece ser mais agressiva. “Redução de 20% a 30% dos trabalhadores indicados pelo presidente e ex-presidentes, aumento dos efetivos, nomeando concursados que estão esperando vaga”, explica.
Além disso, Antônio propõe corte ao ressarcimento de despesas com viagens internacionais de deputados e funcionários, e encerramento de contratos com terceirizados para fazer “ampla reforma administrativa e empenhar na construção da sede do Legislativo goiano”, referindo-se à nova localização da Alego, que é construída no Park Lozandes.
Articulação
Enquanto o pleito não ocorre, as trocas de farpas nos bastidores movimentam a eleição. Apesar de ambos serem aliados de Caiado e não aparentarem divergências políticas, os ânimos entre seus apoiadores ficaram exaltados algumas vezes nesse período. Mas, ainda assim, Álvaro mantém a cordialidade: “Não o considero meu adversário, a minha intenção é trazê-lo para nos ajudar, somos do mesmo partido, saímos da base do governo juntos para apoiar o governador”.
A tentativa de fundir as chapas fica evidente no discurso equilibrado do democrata. O próprio Caiado já disse que respeita a candidatura de Antônio, embora tivesse lhe pedido, antes, que recuasse para apoiar Álvaro. Mas aliados do médico, como Major Araújo, não vislumbram essa fusão com tanta facilidade.
Disposto a lançar o próprio nome, na intenção de barrar o favorito do governador, de quem também é base, o militar considera que não será possível garantir independência da Casa com esse candidato no comando. O fato de já ter composto com Marconi e ser ligado ao presidente José Vitti (PSDB) faz Araújo desconfiar de suas posições caiadistas, que defende ferrenhamente.
O mesmo ocorre com Humberto Teófilo, que, sob o lema da nova política, que dispensas conchavos, avalia Antônio como o melhor nome para alcançar esse objetivo. Com discurso semelhante ao do major, Teófilo aposta suas moedas no democrata sem apoio do governador e critica a postura de Álvaro de buscar aliados em deputados reeleitos.
Os ingressantes na Alego, no entanto, parecem já terem articulado com o favorito e compõem os 30 aliados que enumera. Rafael Gouveia (DC), Vinicius Cirqueira (Pros) e Alysson Lima (PRB) são alguns dos que já relataram o contato com o primeiro. Além disso, o deputado é fortalecido pelo suporte de grandes bancadas, como a do PSDB e do Pros.
O apoio dos tucanos havia sido, inclusive, criticado pela oposição, que acusava uma articulação por baixo dos panos do ex-governador Marconi Perillo. Isso foi negado. Com crescimento destacável na eleição de 2018 em Goiás, o Pros esteve em cima do muro – ora achava-se que ia com um, ora com outro. Mas, atualmente, confirmam-se aliados do itumbiarense na disputa.
O fim dessa novela só poderá ser dito no dia da eleição, como foi na Câmara Municipal de Goiânia. Mas a chance maior é de que o favoritismo de Caiado e a fidelidade de bancadas ajudem Álvaro a ser o próximo presidente da Assembleia Legislativa de Goiás.