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Com recorde de abstenção no Enem, 54% não comparecem aos locais de provas em Goiás

Com recorde de abstenção no Enem, 54% não comparecem aos locais de provas em Goiás

access_time 3 anos ago

Com maior índice de abstenção da história, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) registrou 51,5% de ausência de inscritos no Brasil, o que significa 2,6 milhões de pessoas não compareceram aos locais de provas. Em Goiás, o índice foi ainda maior: 54%. Dos 209,3 mil que se confirmaram a inscrição, 96,3 mil compareceram e 112,9 mil não fizeram a avaliação. Com isso, o primeiro dia de provas foi de movimentação tranquila em boa parte dos locais.

Na saída das salas de prova, candidatos relataram grande ausência de candidatos. A secretária Hariane Souza, de 22 anos, contou que existiam 14 carteiras vazias na sala onde fez a prova, em uma univesidade às margens da BR-153. “Eu cheguei cedo, já entrei para a sala. Achei que pudessem ser pessoas esperando para se sentar mais perto do fechamento dos portões, mas realmente ficaram vagas. Quem fez a prova, chegou bem mais cedo.”

Mas o pouco movimento já era visível desde a manhã. Na abertura dos portões, não foram registrados tumultos em Goiás. Na abertura dos portões, às 11h30, a reportagem estava na região do Setor Universitário e poucas pessoas aguardavam para entrar nas escolas e universidades.

A estudante Maria Angélica, de 18 anos, acredita que o número reduzido tem relação com a pandemia de Covid-19. “É a primeira vez que faço, mas sempre vi mais gente que hoje”, conta.

O maior fluxo nas calçadas era de vendedores ambulantes e representantes de faculdades particulares. Mesmo assim, não houve concentração acima do recomendado. O relato de Larissa Dias, de 17 anos, pode explicar uma possível baixa adesão. Desmotivada, ela conta que ouviu de vários colegas que eles desistiriam da prova. “Quase ninguém estudou o suficiente neste ano. A sensação é de saber menos que antes”, disse.

Considerando as últimas edições do exame, a maior abstenção no primeiro dia de provas aconteceu em 2016, com 30% de inscritos ausentes. Desde que a prova foi reformulada, em 2017, o exame de 2019 foi o que havia apresentado menor ausência. No primeiro dia, 23,1% não compareceram ao local de prova e, no segundo dia, 27,2% não compareceram. No ano passado, 5.095.388 confirmaram suas inscrições.

Mesmo preocupada com o respeito aos critérios sanitários para evitar o contágio pelo coronavírus, a dona de casa Maria Letícia Ferreira Costa, de 51 anos, levou a filha, Maria Luíza, de 17 anos, para o local de prova. “Até pensei que não deveria fazer, que entrar na universidade não é prioridade. Mas considerando que não existe mais quarentena, que as pessoas estão saindo e que os organizadores garantiram respeito às regras, ela veio. Mas isso acaba pesando.”

O estudante Vitor Morais Nascimento, de 18 anos, disse que não estava preparado para a prova e que compareceu ao local para ter experiência. “Não estava preparado porque foi um ano difícil por conta da pandemia, desemprego, tudo. Não tive como ter acesso às aulas online, estudava mal e por conta própria. Até pensei em não vir, que não adiantaria, mas decidi comparecer para ter a experiência. Acredito que muitos estudantes que tiveram a mesma sensação que eu tive, preferiram ficar em casa.”

O trânsito, que todos os anos costuma ser alvo de reclamação por conta da grande movimentação e do desrespeito às leis por parte dos motoristas que vão buscar os candidatos nos locais de prova também estava diferente. Um policial militar que fazia ronda perto da BR-153 disse que não havia registro de problemas até o início da noite.

Motorista de aplicativo, Renato Filgueira, de 37 anos, chegou a reclamar do baixo movimento. “No nosso grupo de motoristas, todos estão reclamando. A gente achava que seria muito bom, com muita corrida, mas já estou aqui há 20 minutos e nada. Acho que a maior parte aqui veio com o pai”, opinou.

Redação aborda doenças mentais

O tema escolhido para a redação do Enem 2020 foi “o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”. Os candidatos precisaram elaborar um texto dissertativo, com proposta de intervenção. Ano passado, o tema havia sido “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”.

O professor do Colégio Prepara Enem e diretor do canal Juntos na Redação, Beto Ferreira diz que alunos bem preparados não se surpreendem com temas. Ele explica que o ideal é chegar ao local de prova com conhecimento das regras para fazer um bom texto.

Ele justifica dizendo que desde a reformulação da prova, a redação tem cobrado temas sociais, nacionais e problemáticos. “Os temas não se reduzem às questões polarizadas e contemporâneas. Era esperado e este foi um dos temas que trabalhamos em sala de aula”, diz apresentando um dos textos trabalhados com os alunos sobre “os desafios para combater o preconceito acerca das psicopatias.”

A estudante Samara Carvalho, 17 anos, não acreditava que o tema pudesse ser algo sobre a pandemia. “A gente sabe que não vai ser algo tão óbvio, mas esperava algo dentro da área da educação. Espero ter conseguido fazer um bom material.” Já a estudante Pâmella Sousa de Oliveira, de 18 anos, disse que achou o tema difícil. “Eu não sabia como apresentar a solução porque não domino o tema e percebi minha falha até como pessoa. É um assunto sério.”

Além da redação, os candidatos também fizeram ontem as provas de linguagens e ciências humanas. No próximo domingo (24) é a vez de matemática e ciências da natureza. Nesta edição o Enem teve 5,7 milhões de inscritos.

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