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Cora é inaugurado mesmo inacabado, enquanto a saúde no estado segue precária
Em seu aniversário de 76 anos, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) entregou o Complexo Oncológico de Referência de Goiás (Cora), primeiro hospital público de câncer do Estado, mesmo sem a conclusão total do projeto do hospital

Por: Thiago Borges
O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) reservou seu aniversário de 76 anos, na última quinta-feira (25), o último como chefe do Executivo goiano, para inaugurar o Complexo Oncológico de Referência de Goiás (Cora), o primeiro hospital público destinado ao tratamento de câncer no Estado. A inauguração do Cora, dito como o grande trunfo de sua gestão, aconteceu apesar das obras do projeto do hospital não estarem completas e marcou a tentativa do governador em preencher lacunas de sua gestão.
Apesar de inaugurado, o Cora está inacabado. Estão em obras as casas de apoio e projetos de anexos ao hospital, destinados a receber pacientes e familiares, sobretudo vindos do interior do Estado, que representam quase 80% dos pacientes atendidos pelo Cora. Atualmente, a área construída é de 19.000 m², nem metade dos 44.000 m² previstos para quando a obra for concluída. O investimento de R$ 255,8 milhões feito até o momento segue a mesma lógica, já que o custo total da obra está na casa dos R$ 724 milhões.
Percebe-se, então, a pressa de Caiado para inaugurar a obra. A justificativa? Parece óbvia: o governador buscou aproveitar o que, talvez, seja o último grande palanque político reservado para a sua gestão.
A seis meses da descompatibilização do cargo de governador, que acontecerá no dia 31 de março, para que esteja apto a disputar a Presidência da República, Caiado vive a reta final de seu mandato como governador de Goiás. O governador sabe que, apesar de sua cruzada política aos redores do país, é em solo goiano que seu capital político vive. Logo, não perderia a oportunidade de inaugurar a maior — e talvez única de verdadeiramente grande porte — de sua gestão, mesmo que isso signifique inaugurar antes da conclusão.
Cora é ótimo, mas saúde deixou a desejar
É inegável a importância do Cora. O complexo oncológico possui tecnologia de ponta e tem como inspiração o Hospital de Amor, maior complexo oncológico gratuito da América Latina, localizado em Barretos, interior de São Paulo. Porém, é preciso ressaltar que, apesar da construção do Cora, o governo de Caiado deixou a desejar na saúde.
Médico de formação, o governador nunca teve a saúde no eixo de destaque dos feitos de sua gestão. Conhecido por sua atuação incisiva na segurança pública e, mais recentemente, na educação, os feitos na saúde passaram longe de ser o rosto da gestão Caiado.
Exemplo disso é a situação vivida na Capital. Em Goiânia, uma das primeiras medidas do prefeito Sandro Mabel (União Brasil), apadrinhado por Caiado, no início do ano foi decretar calamidade pública na saúde. A falta de estrutura física, o número insuficiente de recursos humanos, o desabastecimento recorrente de medicamentos e de insumos de saúde e a falta de leitos, principalmente de UTIs, se tornaram problemas recorrentes na saúde goianiense nos últimos anos.
Além disso, a última rodada da pesquisa Quaest mostra que a percepção da população quanto a atuação do governo estadual na saúde é negativa. O levantamento revelou que apenas 45% dos goianos avaliam positivamente a atuação de Caiado no âmbito da saúde. Ao lado do trabalho feito no transporte público do Estado, com 44% de aprovação, a saúde ostenta o título de área de atuação do governo estadual com a pior avaliação da população, segundo o levantamento.
Aproximando-se do fim do seu segundo mandato, o legado da gestão de Caiado não irá perpassar pelos feitos no âmbito da saúde — ao menos é o que diz a percepção popular. Fonte: (Especial para O HOJE)