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Cota pessoal de Caiado deve superar a metade do secretariado
Sete dos nove nomes anunciados pelo governador eleito foram escolhas pessoais; pelo menos outras quatro pastas também serão definições particulares do democrata
A cota pessoal do governador eleito Ronaldo Caiado (DEM), que teve maior peso no primeiro anúncio da equipe de governo, não terminou com os sete de nove nomes divulgados nesta terça-feira (11). Pelo menos outras quatro secretarias serão escolhas particulares do democrata: Educação, Planejamento, Casa Civil e Casa Militar, cujos nomes serão divulgados nos próximos dias.
Dos nove futuros auxiliares, cinco moram fora, sendo dois goianos (veja quadro na página 5). Os nomes de todos eles já haviam sido antecipados com exclusividade pelo POPULAR.
A maior expectativa era sobre a Secretaria da Fazenda, que será ocupada pela economista carioca Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt, conselheira do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), autarquia vinculada ao Ministério da Justiça. Ela foi a única a não participar do evento, realizado no Castro´s Hotel, porque estava em viagem internacional.
Caiado disse que buscou nomes que tivessem bom trânsito com o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), especialmente por conta das dificuldades financeiras do Estado. “A interlocução com o governo federal é fundamental para nós. Como poderemos governar sem garantir alguma forma de dinheiro novo? O governo de Goiás não é ilhado.”
No grupo anunciado, apenas as escolhas do senador Wilder Morais e do prefeito de Santa Terezinha de Goiás, Marcos Ferreira Cabral, ambos do DEM, têm o componente político mais forte. Eles ocuparão as secretarias de Indústria e Comércio, e Cidadania, respectivamente.
Coordenador da equipe de transição, Wilder, que é empresário, foi o primeiro nome definido da chapa majoritária de Caiado, como candidato à reeleição, depois de romper com a base do governo atual. Ele estava cotado inicialmente para a Secretaria do Entorno do Distrito Federal, que não será mais criada (leia reportagem ao lado). Logo após as eleições, Caiado chegou a afirmar que o senador poderia ser indicado para um cargo no governo Bolsonaro.
Marcos Cabral tem amizade antiga com o governador eleito, com proximidade entre as famílias, mas também é ligado a lideranças políticas, conforme informa o Giro. Está no terceiro mandato de prefeito. O vice-prefeito que assume o cargo é Tonim Camargo, do PDT, partido que estava de olho na Secretaria de Cidadania.
Investidas
No conjunto das primeiras definições estão outras pastas cobiçadas por aliados políticos, como Saneago e Detran, que têm arrecadação própria e orçamento alto. Segundo interlocutores, Caiado quer uma “limpeza” nos dois órgãos e rejeitou as investidas políticas.
O governador eleito também ressaltou na coletiva que os novos secretários terão liberdade para a apresentação de auxiliares dos demais escalões, que serão analisados por ele.
Apesar da maioria das escolhas pessoais, Caiado disse que abrirá espaço aos partidos que o apoiaram e integrarão a base do governo. “Teremos um governo de resultado. Para ter resultado, é preciso apoio político. O governo é político. Tem toda a sua base fundamentada dentro do Executivo e Legislativo. Eu não faço política sem políticos. Mas essas secretarias (cujos titulares foram anunciados) têm um cunho técnico”, afirmou.
Dezenas de aliados assistiram à apresentação dos nomes. Caiado foi questionado sobre a possibilidade de o vice-governador eleito e deputado Lincoln Tejota (Pros), que compunha a mesa do anúncio, assumir uma secretaria. O democrata desconversou: “Eu agradeço a paciência da imprensa em aguardar os nomes. O momento de hoje é de avaliarmos os nomes que estamos apresentando. Esse é o motivo dessa reunião.”
O primeiro anúncio ocorre 65 dias após as eleições e alcança apenas um quinto da equipe de primeiro escalão. Caiado afirmou que a demora tem relação com a necessidade de estudos detalhados sobre a situação do Estado. Os demais nomes serão anunciados antes do Natal, segundo o governador eleito.