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Daniel terá desafios para manter base e contemplar aliados em 2026

Daniel terá desafios para manter base e contemplar aliados em 2026

access_time 9 meses ago

Eleição terá duas vagas ao Senado e vice, mas para Casa Alta do Congresso já circulam os nomes de Gracinha e Mendanha, o que reduz as possibilidades de negociação do emedebista

Por sorte, 2026 terá duas vagas para Senado | Foto: Reprodução

Por: Francisco Costa

Pode parecer longe, mas 2026 já entra nos cálculos de muitos políticos. Em Goiás não é diferente. O vice-governador Daniel Vilela (MDB) é o sucessor natural do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e, dito isto, vai ter que ‘rebolar’ para manter a grande base que compõe, hoje, o atual governo e se viabilizar. Isso inclui acomodar os aliados na chapa majoritária que ele irá liderar.

Por sorte, 2026 terá duas vagas para Senado. Além disso, ele ainda tem a vice para negociar. O número de partidos hoje na base de Caiado, contudo, é grande e, claro, vai além dessas posições – sempre há outras acomodações durante o mandato, mas o ‘filé’ está na chapa.

Em relação ao Senado, ele pode já ter um problema imediato. Apesar de duas vagas, ambas já são visadas: uma delas pela primeira-dama Gracinha Caiado, que já vem sendo trabalhada para o cargo desde o começo do ano, tendo o nome já caído no gosto dos especuladores políticos; e o outro, o companheiro de longa data com quem fez as pazes recentemente, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (Patriota).

No caso de Gracinha, ela pode entrar pela cota do União Brasil. Já Gustavo deve retornar, em breve, ao MDB, partido presidido no Estado por Daniel Vilela. Dar a vaga ao colega de legenda reduz o espaço de outras siglas, o que pode pesar. Por outro lado, existe a esperança de Mendanha conseguir uma autorização da Justiça para disputar a prefeitura de Goiânia. A consulta será feita pelo presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi.

A sinalização positiva seria o melhor de dois mundos para Daniel. Abriria espaço na chapa em 2026 e, caso Gustavo terminasse eleito, teria um aliado na prefeitura da capital, cidade mais importante do Estado. Hoje, é preciso dizer, fazem parte da base do governador: União Brasil, MDB, PP, PSD, Solidariedade, PDT, Podemos, PRTB, Avante, PSC, PTB e Pros. A manutenção dessas siglas dependerá de habilidade e amarração.

Cenário

Professor e cientista político, Marcos Marinho explica que é fundamental ter capilaridade nas eleições estaduais, uma vez que é necessário alcançar todos os municípios. Uma chapa maior, com mais pessoas e partidos envolvidos, leva mais representação às cidades por meio de estrutura, de diretórios, vereadores, além de tempo de rádio e TV. “Além de inibir o levante de outros concorrentes, adversários que cooptem mais partidos para ampliação de estrutura”, destaca.

Como ônus, ele cita que é necessário, de fato, acomodar todos que auxiliaram no pleito. “Mas para isso existe a máquina do governo. A lógica é incluir, se não na chapa, nos processos governativos, como plano de governo, em secretarias e em vários cargos espalhados pelo Estado.” Ele aponta, ainda, a participação em projetos locais, influenciando nas eleições municipais dois anos após o pleito. “A negociação perpassa tudo isso”.

Em relação a Daniel, ele vê que este terá, naturalmente, mais dificuldade que o chefe do Executivo atual, uma vez que “ele não é Caiado” e que o cenário não será o mesmo. “Vai depender da participação do governador no processo. Se ele estará mais focado na eleição presidencial, ou se dará suporte. A participação de Gracinha, claro, ajuda, trazendo Caiado para dentro da campanha”, avalia.

Mas para além disso, Marinho afirma que o hoje vice-governador precisa se provar. E o próximo passo é a eleição de 2024, que pode dar envergadura a ele [ou não] para 2026. “Ele precisa ampliar a base, eleger prefeitos e costurar boas alianças para, então, em 2026 puxar de volta esse pessoal para o projeto”.

Ele completa: “Serão vários desafios. Há outros players com potencial de crescimento, inclusive na base. Então, essa sucessão natural não é confiável. É só lembrar de Lincoln Tejota [vice de Caiado no primeiro mandato]. Caso não mostre resultado, não será fácil”.

E Caiado?

O governador Ronaldo Caiado deve alçar voos mais altos em 2026. Ele já é tratado no meio política e imprensa como pré-candidato à presidência. O político esteve, na última segunda (14), em São Paulo, para participar do programa Pânico, da Jovem Pan.

Convidado pela rádio outrora queridinha do bolsonarismo, Caiado aproveitou a chance de, mais uma vez, colocar-se à disposição da opinião pública para representar a direita, sobretudo quem defende o agronegócio. Na entrevista, relembrou o período em que viajou o Brasil com a União Democrática Ruralista (UDR), que transformou o político goiano em uma referência na discussão, durante a Constituinte, de propriedade privada.

Apesar disso, foi modesto sobre 2026. “Eu posso responder levando um pouco a minha experiência e também a minha primeira candidatura”. Antes de continuar, lembrou-se do pai, que, à época em que decidiu disputar a Presidência da República em 1989, o alertou pela idade. “Meu filho, calma lá você tem 39 anos de idade. Você ainda não passou por nenhum cargo, não tem noção de gestão. E eu dizia: ´meu pai, eu caminhei o Brasil todo, já montamos estrutura da UDR, já fomos vitoriosos na Constituinte’.”

Ainda na resposta, disse que, para se candidatar, é preciso se impor, “mostrar que não está ali vendido, negociando, sua mesa não é balcão de negócio, as pessoas sabem que o negócio é diferente. A sociedade busca uma candidatura de quem realmente é capaz de ter capacidade no governo federal de botar rumo. Dificuldade é para ser resolvida”.

Perguntado se ele seria o “cara”, Caiado respondeu: “Não é questão de ser o cara. Todo partido terá um candidato. Você sabe que eu sou de um partido que é grande e que terá pré-candidato também.  É claro que vou pleitear lá em 2026″.

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