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Demóstenes se filia ao PTB de Jovair

Demóstenes se filia ao PTB de Jovair

access_time 7 anos ago

Ex-senador ensaia retorno à Brasília com discurso em defesa dos políticos e contra “criminalização” dos agentes públicos; 10 prefeitos participaram do ato de filiação ontem.

Por: Andréia Bahia

Sete dos 13 prefeitos do PTB em Goiás prestigiaram nesta segunda-feira (17) a filiação do senador cassado Demóstenes Torres ao partido, que se deu no escritório político do deputado federal Jovair Arantes, presidente regional do PTB. A filiação estava prevista para agosto, durante o encontro regional do partido, a ser realizado em Anápolis, mas como o Giro publicou no sábado (15), foi antecipada. Segundo Jovair, a filiação foi acelerada “para que Demóstenes possa desenvolver o trabalho dele em Brasília como político”. O ex-senador protocolou na terça-feira (11) requerimento solicitando a reversão da perda do mandato no Senado e a revogação de sua inelegibilidade.

Prefeitos de outros partidos também participaram do ato; o de Cidade Ocidental, Hildo do Candango (PSDB); de Senador Canedo, Divino Lemos (PSD) e de Goianésia, Renato de Castro (PMDB), que considera que, “uma vez inocentado, Demóstenes pode retornar à vida pública”. Sobre ser um adversário político do PTB em Goiás, Renato afirmou que “as amizades se sobressaem sobre as cores partidárias”, lembrando que já foi do PTB. Questionado se apoiaria uma eventual candidatura de Demóstenes, o prefeito de Goianésia afirmou que para deputado, sim; “A gente só fecha questão com governador e senador; para deputado é mais livre”, disse.

Os deputados estaduais Júlio da Retífica (PSDB) e Eliane Pinheiro (PMN) também participaram da filiação do ex-senador. Eliane foi uma das pessoas interceptadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, em 2012, quando era chefe de gabinete do governador Marconi Perillo (PSDB). Em março deste ano, ela e outras duas pessoas apontadas como integrantes da organização criminosa chefiada pelo contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tiveram bens bloqueados pela Justiça, assim como Cachoeira.

O vereador Anselmo Pereira (PSDB) também participou da filiação de Demóstenes e justificou sua presença dizendo que o ex-senador prestou um grande serviço em sua vida pública. “Vim aqui dizer que ele precisa voltar à vida pública nesse momento em que há uma criminalização da política e uma exacerbação de justiceiros.” O vereador chamou a atenção para o fato de a filiação ser em um partido da base de apoio do governador.

Entre os prefeitos do PTB, estavam Roberto Naves, de Anápolis, e os de Vila Propício, Palminópolis, Bela Vista de Goiás, São Simão, Rialma e Americano do Brasil. A ausência de José Antônio, prefeito de Itumbiara, não passou despercebida, assim como a presença do advogado Djalma Rezende, que Demóstenes disse que advogou para ele de graça no processo que moveu para retornar ao Ministério Público.

Aos jornalistas, Demóstenes disse que se filia ao PTB “para que o partido possa aumentar o seu tamanho e ter boas lideranças” e que a filiação tem o objetivo primeiro de lhe garantir liberdade de atuação política e que, havendo possibilidade, Jovair lhe assegurou que pode vir a sair candidato pelo partido no ano que vem. O cargo está em aberto, de acordo com Jovair. “Ele pode ser candidato ao que bem entender. A decisão é pessoal”, disse o deputado, que comparou a filiação de Demóstenes ao PTB à contratação de um camisa 10 por um time de futebol. Para Jovair, a cassação de Demóstenes foi “inconveniente”. “Não devia, foi condenado de forma injusta e agora está livre para trazer suas lideranças para o PTB e, juntos, fazermos uma grande virada política.”

Questionado sobre o espaço que o PTB com Demóstenes Torres terá na coligação da base de apoio a Marconi que vai disputar a eleição no ano que vem, Jovair disse que não é hora de discutir aliança, mas completou: “o PTB com certeza vai estar na chapa majoritária em qualquer conformação que fizermos do ponto de vista de eleição em 2018.”

Demóstenes começou a carreira política no DEM, quando o partido fazia parte da base de apoio de Marconi Perillo, mas rompeu com o governador mais tarde. Todavia, ele está se filiando ao partido de um dos principais aliados de Marconi, Jovair Arantes.

Essa não é a primeira vez que Demóstenes tem o apoio de políticos da base de Marconi Perillo. Em março deste ano, a presença de cerca de 20 deputados estaduais na inauguração do escritório de advocacia que divide com a mulher, Flávia Torres, foi assegurada pelo deputado Francisco Oliveira (PSDB), um aliado de primeira hora de Marconi Perillo.

Novo discurso

Em seu retorno, Demóstenes trocou a imagem de paladino da ética, como ficou conhecido nacionalmente, pelo discurso contra a judicialização da política, que também vem sendo defendido por políticos investigados na Lava Jato. “O Judiciário e Ministério Público têm que combater a corrupção, mas quem governa o País tem que ser um político e não um juiz.” E citou uma frase do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes: “membros do MP e do Judiciário, se quiserem governar o País, têm que disputar eleição”. Na opinião do ex-senador, quem pode acabar com a crise em que se encontra o País são os políticos. “E tentaram denegrir a imagem do político, como se todo político não prestasse, mas é o político que vai acabar com a crise”, afirmou.

A filiação ao PTB é dos passos o menor ao retorno de Demóstenes à Brasília. Antes, ele precisa reverter sua inelegibilidade, determinada em 2012 junto com a cassação de seu mandato. “Já conversei com alguns senadores e creio que o PTB vá me ajudar, mas como esse processo tem uma conotação mais política que jurídica, eu vou aguardar o resultado e ainda tenho um recurso que eu acredito que é infalível, o Supremo.”

Demóstenes foi cassado por quebra de decoro parlamentar, acusado de usar o mandato para favorecer o contraventor o Carlinhos Cachoeira. Na petição que protocolou junto ao Senado Federal, o principal argumento é que as interceptações telefônicas realizadas no âmbito das operações da Polícia Federal Vegas e Monte Carlo e as provas derivadas delas, que motivaram a representação do PSOL pela cassação do ex-senador, foram invalidadas pelo Supremo.

Demóstenes acredita que o andamento de sua petição no Senado será rápido, “mas caso não seja posso acionar o Supremo por omissão”, afirma. Todavia, como se trata de requerimento inédito e sem previsão regimental não há uma tramitação já definida na Casa. A petição precisa entrar na pauta da reunião da Mesa Diretora para que possa ser definida sua tramitação.

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