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Deputado italiano pede extradição de Carla Zambelli antes dela chegar na Europa
Zambelli fugiu para os EUA e deixou clara intenção de ir para a Itália, onde tem cidadania, mas decisão já enfrenta resistência

Deputado citou crimes atribuídos a Zambelli, como perseguição armada de um cidadão opositor – Foto: reprodução redes sociais
A deputada Carla Zambelli (PL) ainda nem chegou na Europa, onde possui cidadania da Itália, e já enfrenta resistência depois que o deputado italiano Angelo Bonelli, da coalização Aliança Verdes e Esquerda (AVS), apresentou nesta quarta-feira (4) medidas para impedir que ela obtenha refúgio no país da península itálica. Bonelli apresentou um ofício formal de interpelação aos ministros dos Negócios Estrangeiros e de Cooperação Internacional da Itália.
No documento, ele solicita “medidas urgentes” para impedir que o país conceda refúgio para Zambelli, que deixou o Brasil após ser condenada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão, o bloqueio de bens e a inclusão de Carla Zambelli na lista da Interpol após a informação de que ela fugiu do país para os Estados Unidos.
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Em maio, a parlamentar foi sentenciada a dez anos de prisão e à perda do mandato pela Primeira Turma da Corte. Esta semana ela afirmou em entrevista à CNN que sua viagem para fora do Brasil teria como objetivo buscar tratamento médico mais acessível. “Aqui nos Estados Unidos é muito caro”, justificou.
Deputado que organiza resistência a Zambelli na Itália, detalha crimes
Bonelli detalha os crimes atribuídos à deputada brasileira no ofício. Ele lista a “propagação de notícias falsas”, a “invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça com o objetivo de inserir documentos falsos, entre os quais um mandado de prisão contra um juiz da Suprema Corte [Moraes]”. Também citou a “perseguição armada”, quando Zambelli sacou uma arma de fogo e apontou para um jornalista opositor no meio da rua nos Jardins, em São Paulo.
Aos ministros, o deputado italiano faz referência ao tratado de cooperação entre Brasil e Itália, que estabelece os procedimentos para a extradição de pessoas entre os países.
“Quais medidas urgentes pretendem adotar, cada um no âmbito de suas competências, para garantir o cumprimento das disposições, no caso de Carla Zambelli, previstas na Lei nº 144/1991, que rege os procedimentos de extradição entre Itália e Brasil, colaborando desde já com a Interpol”, questiona o deputado aos dois ministros.
Além disso, o parlamentar sugere ainda alterações na legislação do país para revogar a cidadania de condenados por crimes de golpe ou tentativa de golpe, crimes contra a humanidade, incitação à subversão violenta da ordem econômica ou social do Estado, ou à supressão violenta da ordem política e jurídica do Estado que busquem a Itália como abrigo.
Crítico de Bolsonaro
Após a tentativa de golpe de janeiro de 2023 no Brasil, Angelo Bonelli pediu, durante uma sessão na Câmara Italiana, para que o governo do país não concedesse cidadania ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na época corriam rumores de que o ex-presidente iria dos EUA para a Itália. “Há rumores da imprensa brasileira de que o Jair Bolsonaro, que está atualmente na Flórida, solicitou cidadania italiana. Você sabia que os filhos de Bolsonaro também solicitaram cidadania? Isso seria um grande problema para a república italiana porque diante dos acontecimentos não pode haver incerteza de não dar a cidadania italiana à família Bolsonaro, sobre quem tramitam processos judiciais na Justiça brasileira”, apontou, fazendo referência depois a atos terroristas que fizeram parte da tentativa de golpe, conforme destacou o jornal O Globo nesta quarta.
O ministro as Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, à época, negou que Bolsonaro tenha dado início ao processo para obter cidadania. O assunto voltou à tona recentemente por novos questionamentos do próprio Bonelli.
Em março, ele afirmou que seria de uma “gravidade inaudita conceder a cidadania à família Bolsonaro, considerando as pesadas acusações na Justiça brasileira contra o ex-presidente”.