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Ex-presidente do Ipasgo tem Covid-19 detectada pela 2ª vez
Em maio, Sílvio Fernandes testou positivo para a doença, mas foi assintomático. Agora, após 114 dias, ele teve febre, prostração e baixa saturação de oxigênio
O ex-presidente do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo) e atual diretor técnico da Companhia de Desenvolvimento Econômico do Estado (Codego), Sílvio Fernandes, teve detectada a Covid-19 em seu organismo pela segunda vez em um intervalo superior a cem dias. E desta vez, segundo o próprio, a doença se manifestou de maneira pior.
A primeira vez que Sílvio teve a infecção pelo coronavírus Sars-CoV-2 diagnosticada no dia 22 de maio e ele foi um paciente assintomático. Na época ele ainda respondia pelo Ipasgo e fazia os testes de forma frequente como prevenção por causa da agenda cheia de atividades. Já a segunda foi agora, dia 16 de setembro, dez dias após Sílvio começar a sentir uma prostração e apresentar quadro de pneumonia.
O cardiologista Walter Beneduzzi Fiorotto, do Hospital Órion, diz que não há dúvidas de que o ex-presidente do Ipasgo teve Covid-19 em maio e agora em setembro. A questão é saber o que aconteceu com o paciente neste intervalo de tempo. “É possível dizer que se trata de um caso suspeito de reinfecção”, comentou o médico.
Na terça-feira (15), O POPULAR mostrou que a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) investiga pelo menos 16 casos de pessoas que tiveram Covid-19 detectada pela segunda vez em um intervalo superior a 30 dias. Em pelo menos dois são mais fortes as suspeitas de reinfecção, pelo prazo de tempo entre as duas testagens positivadas.
Goiás ainda aguarda uma resposta do Ministério da Saúde que ficou de elaborar uma nota técnica sobre como proceder em situações como estas. Em Minas Gerais, onde há casos semelhantes, o protocolo determina que é suspeito de reinfecção quando o intervalo entre a primeira e a segunda detecção é superior a 90 dias. É o caso de Sílvio, cujos resultados deram positivo em intervalo de 114 dias.
Silvio conta que desta última vez ele começou a se sentir mal num domingo (5), uma fraqueza muito forte que foi se agravando ao longo da semana. Ele chegou a ser internado em um leito semi-intensivo no Órion, pois o quadro dele se agravou com comprometimento de até 20% do pulmão e baixa saturação de oxigênio. “O comprometimento nem foi tão alto, mas pegou uma parte que causa muita dor e tive febre altíssima”, disse.
Agora o ex-presidente se encontra em um quarto, com a situação um pouco melhor. Ninguém próximo a ele, seja da família ou do convívio profissional, contraiu Covid-19 ou pelo menos desenvolveu sintomas, segundo ele, o que para Fiorotto é mais um indício de que a carga viral do paciente sempre foi muito baixa. Testes após a primeira detecção do coronavírus não encontraram nele anticorpos, o que segundo o médico não é um evento raro.
“O Silvio positivou na provável primeira infecção apenas o exame de RT-PCR para Covid. Porém os anticorpos mão foram detectados nos exames de sangue”, comentou Fiorotto.
O ex-presidente do Ipasgo diz que todo processo entre a primeira e a segunda detecção da Covid-19 está bem documentado, com testes confiáveis que atestaram tanto as duas vezes positivo como no intervalo de tempo mostraram a evolução da doença. O cardiologista diz que foi verificada a possibilidade de a primeira testagem ter sido um falso-positivo, mas as análises mostraram que houve realmente a infecção.
Silvio diz que ficou assustado quando descobriu que estava com Covid-19 de novo, mas que por ser uma doença nova ainda há muitos aspectos sem respostas. “É importante ficarmos sempre atentos e ir entendendo o que é a doença. No meu caso, a segunda vez foi mais grave que a primeira, quando nem senti nada”, comentou.
A permanência de RNA residual do vírus por semanas é comum e tem sido bastante relatada, porém neste caso o contágio não ocorreria e nem o desenvolvimento de novos sintomas, como foi o caso de Sílvio. Uma hipótese além da reinfecção é a permanência de uma carga viral que ficou entre maio e setembro em um nível que não foi detectada pelos exames.
Monitoramento
A superintendente em Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, explica que mesmo ainda aguardando o protocolo do Ministério da Saúde a pasta estadual acompanha os casos suspeitos que vão surgindo e que são detectados pelo sistema de notificações. Uma equipe analisa o intervalo de tempo dos testes positivados de uma mesma pessoa e os que passam de 30 dias são acompanhados.
Flúvia diz que o protocolo desenvolvido pela pasta e que os técnicos do Estado conversaram com diversos especialistas da área e que este documento serviu de base para o que está em elaboração pelo Ministério. A SES-GO decidiu esperar para que houvesse um encaminhamento nacional para estas situações, melhor do que cada Estado desenvolvendo seus próprios procedimentos. De acordo com a superintendente, a nota técnica precisa orientar sobre o que investigar e como. “Nós fizemos uma proposta, que foi encaminhada para o Ministério.”
Ela afirma que os pacientes monitorados são das mais variadas situações, inclusive com casos em que a segunda vez dos sintomas foi mais grave. “Ainda se tem muitas perguntas sem respostas”, comentou.