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Goiás entra em alerta para emergência hídrica nacional

Goiás entra em alerta para emergência hídrica nacional

access_time 3 anos ago

União inclui Estado entre cinco em situação “severa” em comunicado inédito dos serviços meteorológicos do País; pouca chuva traz risco ao setor elétrico brasileiro

Goiás está entre os cinco Estados com alerta de emergência hídrica para o período que vai de junho a setembro. Órgãos ligados ao governo federal emitiram ontem a nota, que é a primeira dessa natureza na história. Estudos realizados pelo Sistema Nacional de Meteorologia (SNM) para acompanhamento do setor elétrico brasileiro indicam que a maior parte da região central do País entra na fase com menor volume de chuvas de forma crítica.

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) recebeu ontem a demanda do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) para reconhecimento da situação de escassez hídrica quantitativa na Região Hidrográfica do Paraná, que inclui, além de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. Procurada pela reportagem, o órgão explicou por nota que isso ocorre “em face da severidade da atual situação hidroenergética” e que realiza a análise da solicitação.

O presidente Jair Bolsonaro já havia alertado para a situação. No início deste mês, ao conversar com apoiadores, afirmou que o País pode ter problemas com o fornecimento de eletricidade. “Vai ter dor de cabeça”, afirmou se referindo à seca. O governo de Ronaldo Caiado (DEM) também se movimentou para evitar racionamento de água, especialmente nas regiões metropolitanas de Goiânia e Anápolis. Um decreto foi publicado na quarta-feira (26) com medidas para o período de estiagem.

Usinas

Questionado sobre a possível crise para distribuição de energia e risco de apagão, o Ministério de Minas e Energia (MME) informou à reportagem que o foco do trabalho tem sido manter o máximo possível de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas. Por outro lado, ressalta que o setor elétrico brasileiro evoluiu muito nos últimos anos e a “matriz é mais diversificada, com operação de usinas eólicas, solares e termelétricas”. Além disso, garante que o intercâmbio de energia pelo Sistema Interligado Nacional (SIN) entre as regiões também cresceu consideravelmente.

“Entretanto, a situação atual é desafiadora, pois os níveis dos reservatórios de cabeceira das Bacias do Rio Grande e do Paranaíba estão baixos”, descreve a nota encaminhada. Entre as usinas hidrelétricas presentes no Estado, os reservatórios de apenas duas estão com nível abaixo de 20%, exatamente na bacia do Paranaíba. São elas São Simão (11,69%) e Itumbiara (18,28%).

A decisão de “segurar” a água, que foi anunciada pelo governo federal na quinta-feira (27) após reunião do CMSE, ocorre também para os outros usos da água. O objetivo seria garantir que, mesmo com poucas chuvas, o volume seja suficiente para geração de energia, navegação em rios e para fornecimento de água potável para alguns municípios. Segundo o ministério, sem um controle adequado das vazões, podem ocorrer impactos a todos os usuários.

Além desse estoque especialmente das usinas de cabeceira, a informação é de que são tomadas ações também para aumentar a disponibilidade dos recursos termelétricos, a gás natural, biomassa e a óleo combustível. Não há previsão de contratação emergencial de energia e o governo afirma que evitará aumento de custos para geração, o que traria impacto imediato para o valor pago na conta de luz.

Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que coordena o SIN, responsável por abastecer 99% do País, sinaliza desde 2020 sobre a situação hidrológica adversa. Para garantir a governabilidade das cascatas nas principais bacias hidrográficas do sistema, o órgão informou que o CMSE definiu que serão implementadas flexibilizações nas restrições hidráulicas relativas às usinas hidrelétricas de Jupiá, Porto Primavera, Ilha Solteira, Três Irmãos, Xingó, Furnas e Mascarenhas de Moraes. O que passa a ocorrer a partir de junho e deve durar por todo o período seco de 2021.

Saneago faz planejamento para garantir fornecimento de água

O governo de Goiás apresentou na última quarta-feira (26) ações para enfrentamento do período mais seco nas bacias hidrográficas do Rio Meia Ponte, na Grande Goiânia, e do Ribeirão Piancó, em Anápolis. Entre as medidas, há planejamento da Saneago para tentar garantir o fornecimento de água e evitar racionamento. “O decreto de segurança hídrica é para que solicitemos a toda população que, por favor, tenham consciência na utilização da água”, informou o governador Ronaldo Caiado (DEM) na ocasião. Segundo a companhia de abastecimento, há trabalho para regular o serviço e os mananciais estão com disponibilidade suficiente. “No entanto, o período de seca demanda cautela e é fundamental o consumo consciente de água. Em 2019 e 2020, mesmo com estiagem prolongada, o abastecimento foi regular, devido às ações em conjunto com demais órgãos do governo”, disse a companhia por nota à reportagem. Entre as ações, a Saneago se comprometeu em reduzir perdas, apoiar monitoramento telemétrico das vazões, implementar mecanismos hidráulicos nas barragens, monitorar os cursos de água em tempo real, além de incentivar a população a realizar o uso racional da água.

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