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Marconi na disputa à Câmara Federal ganha força no PSDB
Com dificuldades em fechar alianças à chapa majoritária, tucanos ensaiam discurso para o caso de candidatura a deputado federal
Se ficar fora da disputa para governador, a candidatura a deputado federal de Marconi Perillo (PSDB) terá respaldo no discurso de tucanos, que irão focar na importância da Câmara dos Deputados para a política atual. A narrativa servirá para rebater teses de que estar fora da disputa majoritária significaria enfraquecimento político do ex-governador.
Marconi lançou sua pré-candidatura a governador de Goiás em evento realizado no dia 16 de julho, quando ainda se especulava que poderia disputar o Senado. Nos últimos dias, porém, tem crescido a possibilidade de que saia candidato a deputado federal, diante da dificuldade de fechar alianças partidárias no estado para a chapa majoritária.
O site apurou que o ex-governador tem focado nas tratativas de possíveis alianças. O que tem se dito nos bastidores é que, para isso, haveria disposição, inclusive, de passar por cima de contradições e superar opiniões divergentes sobre política. Hoje a possibilidade mais latente de aliança é com o PT, na esteira da busca do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ampliar seu palanque em Goiás.
Por outro lado, por parte da cúpula nacional do PSDB haveria o interesse de ter Marconi na chapa para a Câmara dos Deputados, com o intuito de fortalecer as chances do partido de eleger mais nomes para a bancada.
Aliados do ex-governador afirmam que o projeto é disputar o governo, com o objetivo de entrar na corrida para ganhar. Todavia, se a definição tivesse de ser feita hoje, há quem aposte que ele sairia candidato a deputado federal. O partido, porém, tem até o dia 5 de agosto, prazo final das convenções, para definir.
Mesmo fora da disputa majoritária, a avaliação dos aliados é de que Marconi não perderia força política, afinal, o tucano foi governador quatro vezes e foi senador. A análise dos integrantes do PSDB é de que o recuo de pleitear o governo seria uma forma de não entrar em uma aventura.
Além da maior probabilidade de ser eleito para deputado federal, os aliados avaliam que o tucano teria posição de prestígio na bancada federal do PSDB.
Governistas avaliam, por outro lado, que com Marconi fora da disputa para governador, Ronaldo Caiado (UB) teria mais chances de se reeleger no primeiro turno. Na última pesquisa Serpes/O POPULAR, o ex-governador tinha 15% das intenções de voto, atrás de Caiado e de Gustavo Mendanha (Patriota).
A deputada estadual Lêda Borges (PSDB), um dos principais nomes da chapa de deputado federal em Goiás, avalia: “A candidatura a governo é a mais importante, no entanto ela é viabilizada por meio de composição, de montar uma chapa majoritária e essas são as conversações que nós estamos tendo.”
Ela também defende que não há enfraquecimento em sair a deputado federal e cita os exemplos dos ex-governadores do Distrito Federal e de Minas Gerais, José Arruda (PL) e Aécio Neves (PSDB), respectivamente. O primeiro vai fazer esse caminho agora, saindo candidato a deputado distrital, e o segundo fez essa escolha em 2018.
“Nada diminui a liderança. Não há como ir para uma eleição majoritária, sem composição partidária. Nós não vamos, no dia da nossa convenção, sair com chapa incompleta”, afirma.
Segundo informações de bastidores, a possível mudança para uma disputa para deputado federal se daria por meio de um pedido público por parte do diretório nacional.
Análise
O cientista político Guilherme Carvalho concorda com a tese dos tucanos de que não haveria enfraquecimento de Marconi. “Hoje em dia, a legislação joga a favor das bancadas da Câmara dos Deputados. Marconi é um dos principais líderes de um partido que se desestruturou totalmente do nacional ao nível local e ele, inclusive, fez parte disso. Então para falar em uma reconstrução, isso passa pela Câmara e por grandes líderes históricos baixarem suas expectativas de voto”, avalia.
Para ele, essa estratégia é importante para garantir maior fundo eleitoral e ter candidaturas mais competitivas no próximo pleito. “A candidatura do Marconi ao governo do estado seria algo muito personalista”, pontua.
Professor na Universidade Federal de Goiás (UFG), o cientista político Pedro Mundim acrescenta: “Melhor para ele ser eleito ou não ser eleito?”. Para ele, como o ex-governador está em um processo de reconstrução de imagem, é melhor para o tucano fazer isso ocupando um cargo do que sem mandato.