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Mendanha distorce a história e apoia o principal algoz do MDB, Marconi Perillo

Mendanha distorce a história e apoia o principal algoz do MDB, Marconi Perillo

access_time 3 anos ago

Ao contrário do que diz o prefeito, Caiado lutou para eleger Iris Rezende na eleição de 2014, tanto que seu suplente é o emedebista Luiz Carlos do Carmo

O prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, não quer ficar no MDB porque avalia que não deve ser coadjuvante do presidente do partido, Daniel Vilela — o político que, em 2016, quando o gestor municipal era um vereador anódino, o bancou para prefeito.

Gustavo Mendanha e Marconi Perillo: o prefeito estaria acometido pela Síndrome de Estocolmo? | Foto: Reprodução

Mendanha avalia que, para subir na política, precisa atropelar alguém. Mesmo que este alguém seja Daniel Vilela, filho de Maguito Vilela — a quem o prefeito de Aparecida deve tudo, em termos políticos e, até, comportamentais. Tanto que até o caráter diplomático de Maguito Vilela é mimetizado pelo prefeito.

Mas, quando se quer crescer na política, às vezes conta-se uma mentira porque não se pode — ou não se quer — dizer a verdade. Mas os fatos são simples e lógicos: Mendanha não aceita o sucesso de Daniel Vilela e quer o sucesso para si. Porém, ante a  crueza dos fatos, teria como dizer isto aos emedebistas e aos eleitores? Não, é claro.

Como tem de omitir a verdade, é preciso substitui-la por uma meia verdade, que, às vezes, é uma mentira.

No Instagram, Mendanha escreveu, num português enviesado: “Com a decisão de se alinhar a um adversário histórico deixamos o papel que o povo goiano deu ao MDB de fazer oposição qualificada. Lamento profundamente tal desfecho que já era premeditado. Sou emedebista de coração, não consigo trair meus princípios e se aliar àquele que ajudou a derrotar o MDB em cinco das seis últimas eleições ao governo de Goiás”.

Iris Rezende e Ronaldo Caiado na campanha de 2014: eis a verdade factual | Foto: Reprodução

A verdade dos fatos, que pode ser verificada por qualquer um: o político que contribuiu, de maneira decisiva, para cinco derrotas consecutivas do MDB em Goiás foi Marconi Perillo. Em 1998, 2002, 2010 e 2014, Marconi Perillo derrotou Iris Rezende (três vezes) e Maguito Vilela (uma vez). Em 2006, Perillo bancou Alcides “Cidinho” Rodrigues contra Maguito Vilela, do MDB, derrotando o emedebista. Portanto, o grande algoz do MDB em Goiás é Marconi Perillo — não é o governador Ronaldo Caiado.

Pelo contrário, em 2014, Ronaldo Caiado se tornou o principal general eleitoral da campanha de Iris Rezende para governador. No segundo turno, tendo sido eleito senador — com um suplente do MDB, o hoje senador Luiz Carlos do Carmo —, chegou a dizer que assumiria a Secretaria de Segurança Pública com o objetivo de fortalecer a campanha do emedebista.

Maguito Vilela (falecido), Gustavo Mendanha e Daniel Vilela: o prefeito de Aparecida de Goiânia trocou de amigo e aliou-se aos “inimigos” históricos| Foto: Reprodução

Então, falando de novo de fatos, o que se deve dizer é que, em 2014, Ronaldo Caiado fez o possível para colocar um político do MDB, Iris Rezende, no governo de Goiás. Se Mendanha quiser confirmar a verdade do que se está dizendo, que é cristalina, que procure os dados do Tribunal Regional Eleitoral e os jornais da época. Ou então, quando Iris Rezende puder atendê-lo, pergunte a ele, o decano do MDB no Estado, como foi a atuação de Ronaldo Caiado na disputa de 2014. Pergunte também a Iris Rezende quem é o verdadeiro algoz do MDB em Goiás. Ele dirá, citando fatos: Marconi Perillo. É provável que até as crianças de Mendanha saibam disso.

Então, clareando a memória de Mendanha: quem está, de fato, aliando-se ao algoz do MDB em Goiás? Claro, o próprio prefeito de Aparecida de Goiânia. Ele estaria acometido pela Síndrome de Estocolmo?

Este texto cumpre, pois, uma função: recolocar a verdade no seu devido lugar — o da verdade factual.

A fotografia quase sobrenatural do “mito”

Gustavo Mendanha: pairando acima de Léo Mendanha e Iris Rezende | Foto: Divulgação de Gustavo Mendanha

Conta-se, não se sabe se como folclore, que Mendanha anda se definindo como “mito” e dizendo que não é ele quem quer disputar o governo de Goiás. É o povo que está convocando-o. Por mais que haja algum delírio nisto, e certamente há, pode-se sustentar também que há alguma racionalização. O prefeito está se inserindo na linhagem dos políticos populistas, adicionando um componente de matiz religioso — fundamentalista, portanto altamente conservador.

Costuma-se dizer que uma fotografia vale mais do que mil palavras. Pois uma foto exibida por Mendanha no Instagram sugere que o prefeito se considera mesmo um mito, um ser ungido. Ele aparece no alto, pairando acima de todos — como se fosse um ser sobrenatural — e a plateia embaixo parece em posição de adoração. Aparecem na fotografia Iris Rezende e Léo Mendanha, pai do prefeito. É como se os dois, “adorando” ou “endeusando” o jovem político, estivessem subordinados a ele — quiçá mesmerizados.

Não se sabe se a fotografia (que parece uma pintura) é uma montagem. Se for, é uma contrafação histórica — mostrando um “liderado” como superior aos seus líderes. Se for verdadeira, até por uma questão de pudor e respeito a Iris Rezende e Léo Mendanha, não deveria ter sido divulgada por Mendanha. Que, ao exibi-la, mostra-se um político — um homem — meramente vaidoso e, até, desrespeitoso com os dois líderes.

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