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O Caiado da campanha de governador não é o Caiado do governo, dizem deputados

O Caiado da campanha de governador não é o Caiado do governo, dizem deputados

access_time 5 anos ago

Situação de Caiado é grave. Se fosse uma empresa, o governo estaria às portas, não de uma recuperação judicial, e sim de uma falência

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), parece, de algum modo, um personagem de Fiódor Dostoiévski ou Gógol. Parece um político dual. Porque, na campanha, apresentou uma programa para desenvolver o Estado, mas, uma vez no governo, suas ideias se tornaram outras — como tem apontado os deputados Major Araújo (quase-PSL), Delegado Waldir Soares (PSL), Cláudio Meirelles (PTC) e Talles Barreto (PSDB), os três primeiros afastados do gestor estadual e o quarto é opositor. Até o deputado federal José Nelto, do Podemos, embora mais moderado, faz críticas ao governo do Estado — sobretudo porque não prioriza os “companheiros”, e sim “estrangeiros”, que, se deixados, na Praça da Nova Suíça, “não conseguiriam voltar sozinhos para o Centro Administrativo”.

Ronaldo Caiado: o governo está sem rumo, segundo deputados | Foto: Divulgação

A campanha de Ronaldo Caiado apresentou um programa de desenvolvimento que prometia dias melhores para os goianos, inclusive para os funcionários públicos. Porém, segundo os deputados, uma vez no poder, o governador decidiu mudar de rumo e fazer outro governo — implacável.

Caiadistas dizem que, quando era candidato, Ronaldo Caiado não sabia qual era o quadro real do governo de Goiás. Mas, como dizem os deputados, se tinha na vice Lincoln Tejota, filho do conselheiro do TCE, Sebastião Tejota, é provável que o líder do DEM tinha informações suficientes sobre a situação financeira do governo. Por exemplo, a respeito da folha de pagamento do funcionalismo, que estrangula as finanças do Estado.

Cláudio Meirelles, deputado estadual, avalia que 2019 pode ser um ano perdido | Foto: Fábio Costa/jornal Opção

No poder, insistem deputados, Ronaldo Caiado se tornou “o governador dos cortes”. “Falou uma coisa e faz outra”, costuma dizer Cláudio Meirelles. Talles Barreto alertou que, se se fiasse única e exclusivamente no governo federal, o governador não conseguiria retirar Goiás da crise. Até o prefeito de Catalão, Adib Elias, aconselhou a se buscar soluções locais. Mesmo assim, o gestor estadual optou por buscar saídas em Brasília, tanto que a secretária da Economia, Cristiane Schmidt, só permanece no cargo porque Ronaldo Caiado acredita que o governo federal vai, na hora agá, “salvá-lo”. Schmidt, conhecida como “Dama do Não”, teria sido indicada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas, como secretária, que entende pouco de Fisco e arrecadação, até agora não conseguiu nada de concreto no governo federal. Hoje, no governo, ninguém acredita que conseguirá “salvar” o governo e, portanto, Goiás. Para evitar que o governo quebre, radicalizou na questão dos incentivos fiscais e pretende tomar medidas duras contra os funcionários públicos.

Como o Tesouro Nacional afirma que, tecnicamente, Goiás não tem direito ao Regime de Recuperação Especial — em suma, deixar de pagar suas dívidas por alguns meses, e abrindo a possibilidade de demitir servidores, inclusive efetivos —, a situação de Ronaldo Caiado, apesar da liminar do Supremo Tribunal Federal, é gravíssima. Se fosse uma empresa, o governo de Goiás estaria às portas, não de uma recuperação judicial, e sim de uma falência.

Talles Barreto: governo de Caiado está sem rumo | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Sem o Regime de Recuperação Especial, e mesmo com ele, o governo de Ronaldo Caiado está em maus-lençóis. Os goianos, sobretudo os funcionários públicos, terão dias difíceis pela frente.

No momento, Ronaldo Caiado culpa o governo anterior pelo descalabro, e tem certa razão. Mas é preciso dizer que, apesar de tudo, Goiás vinha funcionando e, assim que ele assumir, as coisas pioraram. Sinal de falta de tino administrativo? O fato objetivo, segundo parlamentares da oposição e até mesmo aliados, é que o governo está sem rumo.

O que fazer? O primeiro passo é não culpar apenas governos passados, assumir que os problemas agora são do governo atual e administrá-los. Ronaldo Caiado corre o risco de passar quatro anos fazendo cortes-ajustes e, mesmo assim, entregar o governo com problemas sérios. E, para piorar, pode não conseguir a reeleição. Tal o volume do desgaste administrativo.

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