Notícias
Parte dos municípios de Goiás adota rigidez orientada pelo Estado
Gestores avaliam que momento é crítico e precisa de medidas severas para reverter o quadro. Há localidades que ainda debatem o assunto
Alguns dos maiores municípios goianos irão aderir às determinações da nota técnica divulgada pela Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) nesta terça-feira (16). O documento contém determinações para as cidades no intuito de deter a segunda onda do coronavírus (Sars-CoV-2) no Estado. Pelo menos oito cidades, afirmaram que irão acatar as medidas do governo estadual.
O presidente da Federação Goiana de Municípios (FGM), José Cunha, afirma que a instituição é a favor de que a administração de todas as cidades goianas sigam as determinações estaduais. “É um momento crítico. Apesar de cada prefeito conhecer a realidade do município em que é gestor, precisamos apoiar o Estado”, afirma.
Cunha diz ainda que a FGM está, em parceira com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems-GO), tentando levantar dentro da regiões consideradas calamitosas, quais são as medidas que os municípios que as compõem estão tomando no combate à Covid-19 para manter diálogo com essas cidades. “Neste momento, precisamos ser firmes e assegurar a vida das pessoas.”
Em Anápolis, uma nova nota técnica deve ser publicada nesta quarta-feira (18) dando manutenção às medidas restritivas já existentes no município. Já em Rio Verde, o prefeito Paulo do Vale (DEM) explica que a fiscalização na cidade será reforçada. “Estamos com nossos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) cheios. Por isso, vamos reforçar a fiscalização na cidade”, diz.
Vale afirma que caso a situação epidemiológica do município piore, a prefeitura irá endurecer as medidas de controle. “Talvez até mais do que está sendo determinado pelo Estado”, pontua. Ambas as cidades estão em situação de alerta, quando as medidas restritivas são mais brandas.
Em Goiânia, que dentro da perspectiva orientada pelo Estado já se encontra em situação crítica, quando as medidas restritivas incluem a redução da capacidade de pessoas dentro de bares e instituições religiosas, por exemplo, nenhuma decisão foi divulgada ainda pela Prefeitura.
A assessoria de imprensa da gestão municipal de Goiânia informou, por meio de nota, que “entende que é importante analisar com atenção, de forma técnica, as novas restrições propostas pelo governo do Estado” e que marcou uma reunião do Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COE) para esta quinta, quando será discutida a situação.
calamitosa
Das cidades que fazem parte de regiões que estão em situação de calamidade e precisam decretar as medidas de restrição mais severas, Itapaci fez a publicação de um decreto ainda nesta terça-feira (17) decretando restrição severa à circulação de pessoas. “Estamos sem leitos. Pedimos à população que respeite o máximo possível as determinações para sairmos desta situação logo”, diz o prefeito Mário Salles (PSDB).
Catalão também sinalizou que irá adotar as medidas mais restritivas e ao longo desta terça-feira o comitê técnico de Enfrentamento à Covid-19 da cidade esteve reunido para estabelecer as novas medidas. Apesar disso, ainda não houve a publicação de nenhum novo decreto.
Em Aruanã, o prefeito Hermano de Carvalho (PSDB) afirmou que irá aderir integralmente à nota técnica do Estado. Entretanto, ele diz que a situação de Aruanã não é tão complexa como a de alguns municípios vizinhos e que a cidade acaba sendo “penalizada” por isso. “Nossa equipe está fazendo um bom trabalho. Entretanto, este é um momento de solidariedade. Por isso, vamos aderir.”
Em Luziânia, que também integra uma região de calamidade, ocorrerá uma reunião do gabinete de crise formado para o enfrentamento à pandemia hoje para definir quais medidas serão tomadas em relação à nota técnica estadual. “Já estamos com um protocolo enrijecido aqui. Entretanto, vou lutar pelo enrijecimento. Não é momento de afrouxar”, diz a titular da Secretaria Municipal de Saúde da cidade, Marcelle Mello.
crítica
Já em Senador Canedo, que se encontra em estado crítico, o prefeito também afirmou que vai seguir integralmente a nota técnica. “O novo decreto vai começar a vigorar a partir desta sexta-feira (19). Vamos fechar 50% do comércio em geral e bares e igrejas vão funcionar com apenas 30% da capacidade. Além disso, vamos reforçar a fiscalização. Recentemente inauguramos 11 leitos de UTI e todos foram ocupados. A situação é grave”, diz Fernando Pellozo (PSD).
Em Porangatu, a prefeitura Vanuza Valadares (Podemos), explica que a fiscalização na cidade também será reforçada, sendo que um novo decreto não será necessário, pois o atual abrange todas as medidas exigidas pelo Estado. “Estamos quase com todos os leitos lotados. Por isso iremos reforçar o trabalho que fazemos com o apoio da polícia e do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO)”, diz.
O POPULAR entrou em contato com a assessoria de imprensa de Caldas Novas, mas até o fechamento da edição a cidade ainda não havia se posicionado em relação à adoção ou não da nota técnica. Entretanto, foi informado que o assunto está em discussão e deverá ser publicado um novo decreto com as recomendações, totais ou parciais.
A reportagem entrou em contato ainda com as prefeituras de Valparaíso de Goiás e Ceres, que estão em situação de calamidade, mas até o fechamento desta matéria não havia recebido nenhuma resposta sobre qual será a postura adotada pelos municípios.
Aparecida não irá aderir
Aparecida de Goiânia não irá aderir às determinações que constam na nota técnica divulgada pelo governo estadual nesta terça-feira (16) com orientações para os municípios na tentativa de barrar a transmissão da Covid-19. O prefeito da cidade, Gustavo Mendanha (MDB), diz que o município possui um comitê desde o início da pandemia do coronavírus (Sars-CoV-2) que analisa periodicamente a situação do município.
“Vamos continuar fazendo este trabalho com a ajuda dos técnicos e também com o apoio do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) que faz parte do time que toma as decisões aqui”, afirma o prefeito. Por conta de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), os municípios têm independência para promover as próprias ações no combate à Covid-19.
De acordo com o mapa de calor da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), atualmente Aparecida está em situação crítica. Caso a cidade fosse acatar as determinações estaduais, os bares e igrejas deveriam funcionar com 30% da capacidade, por exemplo.
Atualmente, as igrejas da cidade só podem funcionar com 30% da capacidade e os bares e outros locais de recreação, não excedendo 50% do limite. No município são permitidos eventos sociais para até 150 pessoas. Até esta terça-feira, a taxa de ocupação de Unidade de Terapia Intensiva Covid-19 da rede pública local era de 65% e da rede privada de 100%.