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Políticos goianos veem maior polarização no país após anulação das condenações de Lula

Políticos goianos veem maior polarização no país após anulação das condenações de Lula

access_time 4 anos ago

Lideranças, porém, se dividem em relação às consequências – alguns acreditam em fortalecimento de Bolsonaro, outros defendem que decisão abre portas para um candidato de centro

Para lideranças políticas de Goiás, a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Lava Jato fortalece a polarização política no País, já que o petista está elegível e pode ser o principal nome de seu partido para a disputa pela presidência da República em 2022.

Já a consequência dessa mudança no jogo político divide opiniões entre o fortalecimento do atual presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), ou de um candidato de centro a ser definido. Há ainda mais chances para o projeto único da esquerda, defendido por lideranças.

Em Goiás, o impacto, inicialmente deve ser pequeno, mas pode favorecer a aliança de partidos de ideologia semelhante à de Lula. A anulação das condenações do ex-presidente ocorreu por meio de decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que declarou a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para o julgamento de quatro ações da Lava Jato contra Lula (leia mais nas páginas 4, 5 e 6).

Presidente do PSDB em Goiás, José Eliton avalia que a elegibilidade de Lula deixará a polarização entre os extremos da direita e da esquerda mais evidente. Este cenário, diz Eliton, deve fortalecer candidato à presidência do centro, espaço que o PSDB tenta ocupar, principalmente por meio do nome do governador de São Paulo, João Dória.

Eliton diz que a força política de Lula é conhecida e afirma que a presença do petista altera “um pouco o tabuleiro”. “Na minha visão, não muda nada para o PSDB. Continuamos trabalhando para que o Brasil retorne ao centro, ao equilíbrio e prudência. Nem Lula, nem Bolsonaro.”

Fôlego

O presidente do PSL goiano, deputado federal Delegado Waldir, tem opinião semelhante, pois também acredita que o cenário favorece candidatos de centro-direita, “como Henrique Mandetta, Luciano Huck e Sérgio Moro”. A avaliação é que o centro ganha fôlego e visibilidade como terceira via entre extremos.

Ex-aliado do presidente da República, o parlamentar afirma que a volta de Lula para o jogo “é tudo que Bolsonaro queria” por causa do acirramento da disputa entre seu grupo e o PT. Para Waldir, a decisão de Fachin “abre o cenário político para 2022 e fecha o combate à corrupção no País”.

No comando do PP em Goiás, Alexandre Baldy acredita que Bolsonaro é quem mais ganha com a maior polarização. De acordo com Baldy, essa força deve ser percebida, inclusive, em repercussões locais.

Já o presidente do diretório regional do PSD, Vilmar Rocha, afirma que a presença de Lula na disputa de 2022 e o acirramento entre extremos podem esvaziar uma candidatura de centro, projeto do qual o PSD faz parte. Vilmar relembra o cenário da eleição de 2018, quando a disputa entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) fez outras candidaturas perderem espaço, como a de Geraldo Alckmin (PSDB), que tinha apoio do goiano.

Para superar o problema, Vilmar afirma que o centro precisa de candidatura “muito bem posta e viável”. “Na dúvida, as pessoas que não querem o PT podem repetir o comportamento de 2018, votando em Bolsonaro. Eu estou comprometido com a candidatura do centro democrático, mas há enorme risco de acontecer isso”, diz Vilmar.

Sem mudanças

O presidente do PDT goiano, George Morais, acredita que a elegibilidade de Lula tem pouco reflexo no projeto nacional de seu partido, liderado por Ciro Gomes, apesar de disputarem os votos de eleitores com posicionamentos semelhantes.

George argumenta que Lula tem força política, mas também acumula desgastes. “Acreditamos no fortalecimento do Ciro, que está caminhando para fazer aliança com o centro. Ele já não esperava aliança com o PT. Quem quer ganhar a eleição não fica escolhendo adversário”, diz George.

A reportagem tentou contato com o governador de Goiás e presidente estadual do Democratas, Ronaldo Caiado (DEM), por meio de sua assessoria, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.

‘Decisão é tardia, mas importante’, diz petista

Para a presidente do PT em Goiás, Kátia Maria, a narrativa de que o PT e Bolsonaro são extremos na política brasileira e têm ação semelhante é usada por grupos que têm interesse de “ocupar espaço”. “Se defender a melhoria de vida da população for ser extremo de Bolsonaro, vamos continuar sendo.”

A presidente afirma que a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin é tardia, mas importante. Na visão da petista, a saída de Lula da disputa de 2018 (ano em que sofreu a primeira condenação) foi determinante para a vitória de Jair Bolsonaro (sem partido). “Não tem como corrigir o que o Bolsonaro está fazendo, mas restabelece o jogo político. É uma nova configuração do tabuleiro.”

De acordo com Kátia, a elegibilidade de Lula deve influenciar decisões políticas em diferentes Estados e pode ajudar na construção de projetos com maior unidade na esquerda, inclusive locais. Em Goiás, existe disposição de partidos para isto, mas as conversas ainda são iniciais.

Mudança

O presidente do PSOL goiano, Weslei Garcia, diz que o partido recebeu a notícia com surpresa e argumenta que o cenário com Lula muda. “É um nome muito forte para derrubar o bolsonarismo no processo eleitoral. Isso abre outro campo de diálogo para setores de esquerda e progressistas. Isso não quer dizer que o PSOL estará com o PT. Depende de uma série de acontecimentos.” O diálogo em Goiás, diz Weslei, segue aberto.

Na visão do presidente do PSB goiano, deputado federal Elias Vaz, os eleitores demonstraram na última eleição que estão mais inclinados a votar em candidatos de centro. Em nível nacional, diz Elias, o PSB caminha para ter candidatura própria.

Em Goiás, o presidente afirma que o partido não fará alianças em 2022 com candidatos vinculados a Bolsonaro. Apesar disso, já houve conversas sobre possível apoio do PSB à reeleição de Ronaldo Caiado (DEM). A aliança é defendida pelo presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Lissauer Vieira (PSB).

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