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Republicanos pode ser a ponte para agregar Ronaldo Caiado e Daniel Vilela
Sem o apoio do Republicanos, Daniel Vilela dificilmente terá condições de disputar o governo em 2022. O partido de João Campos é a chave de uma nova aliança
No curto prazo, o MDB tem o Republicanos do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, na mão. A equipe do gestor municipal é, a rigor, composta, em sua maioria, por técnicos e políticos ligados ao presidente do MDB, Daniel Vilela, e há aqueles que eram ligados ao falecido Maguito Vilela, o prefeito que, ao morrer, não pôde assumir.
No médio prazo, e antes da disputa eleitoral de 2022, o quadro pode mudar. O Republicanos vai mandar cada vez mais na Prefeitura de Goiânia — que, com estrutura e arrecadação gigantes, tem pelo menos um terço da força do governo do Estado de Goiás.
A relação entre MDB e o Republicanos poderá até ser de “amor”, mas o desgaste é, como em qualquer casamento — sobretudo nos políticos —, inevitável. Chegará o momento em que o Republicanos, sob a batuta do prefeito Rogério Cruz, do deputado federal João Campos e do deputado estadual Jefferson Rodrigues, vai querer tomar posse de fato do comando da prefeitura. Aí se dará o choque, possivelmente.
Há outra questão, até o momento negligenciada pelos analistas de política. O Republicanos poderá se tornar o pêndulo na relação entre o MDB e o governador Ronaldo Caiado, do partido Democratas.
No momento, comenta-se da possibilidade de Daniel Vilela ser vice de Ronaldo Caiado na disputa de 2022. Não há nada firmado, mas as conversações existem. Como tal, podem ser bem-sucedidas ou não.
Entra em cena no teatro da política, porém, o Republicanos. Se o partido fechar um acordão com Ronaldo Caiado, bancando sua reeleição, o MDB de Daniel Vilela perderá seu chão em Goiânia — a capital de quase 1 milhão de eleitores e cuja vida social e política reverbera em todo o Estado. Há quem postule que, em breve, o partido dirigido por João Campos — com forte influência da Igreja Universal —, pode ocupar a Secretaria de Desenvolvimento Social do governo do Estado. Dirão: “Ah, um secretário foi nomeado recentemente”. De fato, houve a nomeação. Mas, aos olhos atentos dos políticos, deu-se um fato relevante: o competente Welligton Matos, o substituto de Lúcia Vânia, não é político, não é bancado por partidos. Portanto, a leitura dos políticos é: pode ser trocado a qualquer momento, sendo remanejado para outro cargo.
Estreitada a relação entre Ronaldo Caiado e o Republicanos, Daniel Vilela, se disputar o governo de Goiás em 2022, ficará sem um apoio importante, até decisivo — o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, e, claro, um partido político que tem penetração forte entre os evangélicos.
Então, se pender para Ronaldo Caiado, o Republicanos contribuirá para o enfraquecimento de Daniel Vilela e do MDB. Mais: se de fato se aproximar do governador — e, desde já, não está distante —, o Republicanos poderá contribuir para puxar, ainda mais, o líder do emedebismo para o lado de Ronaldo Caiado.
Enfim, o Republicanos pode ser a ponte entre Ronaldo Caiado e Daniel Vilela. Por isso, urge que Daniel Vilela, um político racional e articulado, colabore para abrir espaço na equipe da prefeitura para Rogério Cruz negociar com a Câmara Municipal — com os vereadores aliados — e viabilizar a governabilidade. Se não atender os vereadores, o prefeito poderá ter sua gestão engessada, brevemente. Por enquanto, há uma guerra fria, mas que tende a se tornar quente, em breve. O MDB precisa acordar. Se acordar tarde, perderá espaço ainda maior na prefeitura. A história sugere que é melhor perder os anéis — ao menos alguns — do que os dedos. Quem viver, se quiser, verá.