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Rodney volta à SSP e Caiado diz que primo cometeu “excessos em momento de emoção”
Polícia Civil recomenda arquivamento de inquérito que apurava acusações de Jorge Caiado contra o secretário por falta de provas
Por: Fabiana Pulcineli
Em evento para anunciar o retorno do secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, ao cargo, o governador Ronaldo Caiado (DEM) disse na manhã desta quinta-feira (25) que os “excessos” cometidos pelo seu primo Jorge Caiado ocorreram em “momento de muita emoção” e informações equivocadas. Rodney voltou de férias de 15 dias na mesma solenidade em que a Polícia Civil anunciou pedido de arquivamento por falta de provas do inquérito instaurado para apurar as acusações de Jorge Caiado contra o secretário.
“Jorge Caiado é uma pessoa muito querida, mas às vezes tomado por uma emoção enorme, já que ele tem uma paixão pela história da família… Nós entendemos que os excessos cometidos jamais tiveram o intuito de prejudicar, mas talvez num momento de muita emoção, de muitas informações levadas para que ele tivesse aquele gesto. É um assunto encerrado. Não vamos perder energia com o que não é o foco principal, que é o combate à corrupção”, afirmou o governador na solenidade no Palácio das Esmeraldas.
Como o governador desistiu de conceder entrevista no evento, não foi possível questionar se haverá mudanças na presença e participação de Jorge Caiado no governo. Ele não ocupa cargo na administração, mas transita e tem influência em algumas pastas.
Em um áudio de pouco mais de um minuto divulgado no dia 4 de junho, Jorge xinga o secretário, o acusa de tentar grampear seu telefone e de pegar dinheiro do governo, “R$ 1 milhão dos bombeiros”.
Questionado se vai processar Jorge Caiado, Rodney disse que prefere aguardar os outros dois inquéritos – um que apura o vazamento do áudio do primo do governador e outro que investiga a participação de agentes públicos nos ataques. “Considero encerrada essa etapa triste e vou seguir com a mesma disposição para continuar essa marcha de combate à criminalidade e à corrupção”, afirmou o secretário em discurso.
O delegado-geral da Polícia Civil, Odair José, que apresentou o resultado do inquérito, afirmou que foram feitas oitivas e diligências e que houve consenso entre os três delegados responsáveis pela investigação de que não há elementos indicativos dos crimes de peculato e interceptação ilegal.
Segundo o delegado, Jorge Caiado afirmou que suspeitava de grampo por conta de “ecos e ruídos” no celular e que ouviu comentários sobre recursos do Corpo de Bombeiros, mas não apresentou qualquer prova ou informação da fonte das acusações. “Ele não trouxe nenhum elemento nem mínimo indício. São acusações completamente frágeis e inconsistentes”, afirmou.
No discurso, Caiado elogiou a iniciativa de Rodney de se afastar do cargo até a conclusão do inquérito. Na verdade, o próprio governador defendeu em reuniões com o secretário nos dias 6 e 8 de junho que seria adequado afastar especulações de que pudesse influenciar as investigações. Rodney chegou a comunicar a pessoas próximas e à cúpula da SSP que teria de deixar o cargo. Dois dias depois, Caiado esteve na sede da SSP para conversar com Rodney e o secretário fez o pedido de férias.
“Homem público tem de estar sempre à disposição para colocar sua vida a ser vasculhada em relação a qualquer denúncia. Ninguém está acima de ter de dar explicações à sociedade. Rodney volta com todas as credenciais e condições de poder exigir o cumprimento da lei e o combate firme e intensivo, sem trégua, à corrupção e ao crime organizado em nosso Estado”, disse o governador.
Rodney disse que abriu mão do foro privilegiado e que estava tranquilo sobre as investigações, apesar de os ataques causarem “incômodo e chateação”. O inquérito com pedido de arquivamento foi encaminhado ao Tribunal de Justiça, segundo Odair.