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Verão será mais quente este ano em Goiás, diz meteorologia
Meteorologia prevê temperaturas mais elevadas que em 2017 para estação e El Niño pode atuar no período. Dezembro de 2018 tem dia de calor recorde para o mês em 80 anos, em Goiânia
Por: Fabiana Sousa
Goiânia registrou na última quinta-feira o dia mais quente em um mês de dezembro dos últimos 80 anos. Os termômetros atingiram 36,7°C, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O mais próximo que os goianienses chegaram desta temperatura para o período foi 36,4°C, registrado no dia 27 de dezembro de 2002. O esperado pelos meteorologistas é que Goiás enfrente um verão com temperaturas mais elevadas em comparação ao ano passado.
O calor tem sido crítico em todas as regiões do Estado. O Sistema de Meteorologia e Hidrologia do Estado de Goiás (Simehgo) informa que as máximas em todas as regiões devem passar dos 30°C nos próximos dias, sendo o Norte, a região mais afetada; lá, a mínima de sexta-feira (21) foi de 23°C com máxima de 39°C. Na Região Leste, os termômetros chegaram a 36°C, no Centro-Oeste, 35°C, o Sudoeste aparece com 33°C e a Região Sul, com 32°C. A temperatura mais alta registrada no ano em Goiás foi em Aragarças, Região Noroeste, com 38,4°C. Na sexta-feira, Itumbiara, na Região Sul, atingiu 36,3°C, Pirenópolis, no Leste, fechou o dia com 36°C e Jataí, no Sudoeste do Estado, chegou a 35,7°C, essas foram algumas das temperaturas mais altas.
De acordo com o Simehgo, a nova estação, que chegou nesta sexta-feira (21), às 20h22, é marcada por instabilidade dias antes de sua chegada, ou nos primeiros dias após o início. “Dentro da climatologia, quando você se aproxima da chegada do verão, três dias antes ou três dias depois você tem uma amostra de como será a estação”, diz a superintendente do Simehgo, Rosidalva Lopes Feitosa da Paz. Segundo ela, neste verão, Goiás terá um aumento de 0,4 a 0,6% na temperatura. “Vai ser mais quente em relação ao ano passado, porque em 2017 nós estávamos sob o efeito do fenômeno La Niña, já este ano existe uma probabilidade de 75 a 80% da entrada no El Niño”, explica.
O La Niña representa um esfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, o que contribui para as quedas de temperatura. Já o El Niño é o oposto, ele é resultante do aquecimento anormal águas do oceano. Tal fenômeno produz algumas massas de ar quente e úmido. O fenômeno também contribui para o aumento de chuvas nas regiões Sul e em partes do Sudeste e do Centro-Oeste do País.
Mudança
De acordo com o Inmet, essas mesmas massas de ar seco recorrentes do El Niño foram as responsáveis pelas altas temperaturas dos últimos dias. Não chove em Goiânia desde o último dia 15, e os últimos seis dias extremamente quentes são resultado de um bloqueio atmosférico, chamado de vórtice ciclônico de altitude, que são ventos que circulam a atmosfera e não deixam as chuvas adentrarem, intensificando a massa de ar quente. Além disso, o volume de precipitação em Goiânia está abaixo do esperado. A média para dezembro fica em torno de 250 mm a 290mm. Até esta sexta-feira, havia chovido 103 mm, de acordo com o Inmet.
Calor dá refresco na semana do Natal
Apesar da amostra de calor intenso dos últimos dias, tanto o Simehgo quanto o Inmet afirmam que a tendência para os próximos dias é que a temperatura diminua um pouco. Embora os indicadores apontem que o verão 2018/2019 será mais quente em comparação ao do ano passado, o calor não deve ser tão intenso quanto nos últimos dias.
Isso se dá por conta da formação de uma frente subtropical que deve chegar a Goiânia no próximo domingo. “A formação do dia 23 deve trazer mais umidade, mais chuva e vai continuar no dia 24 e, em algumas regiões pode chegar a atingir 70 mm de chuva na chegada da noite de Natal”, explica a superintendente do Simehgo, Rosidalva Lopes Feitosa da Paz.
Por isso, para os próximos dias, o esperado é sol, calor e chuva, com temperatura e umidades altas. Além do fenômeno subtropical, a probabilidade de um novo El Niño neste verão reforça a probabilidade de chuvas de maior densidade. “Serão dias de chuvas rápidas e aumento da temperatura”, afirma Rosidalva.
Além disso, o baixo nível de chuvas em dezembro, até o momento, pode resultar, caso a média da estação seja inferior à esperada para o período, em reservatórios menos abastecidos que o normal no próximo período de estiagem.
O que pode mudar esse quadro, é a chegada de uma frente subtropical, já que, com ela, a previsão no Centro-Oeste indica alta probabilidade das chuvas ocorrerem de normal a ligeiramente acima da normal, exceto no Sul do Mato Grosso do Sul, onde as precipitações serão mais próximas à média, ou ligeiramente abaixo.