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Problema de Daniel é a falta de identificação com Caiado
Governador se esforça por seu vice, mas as rusgas entre os grupos vêm da época de UDN e PSD, além da ausência nos projetos com 90% de aprovação, a maior do Brasil

Foto: Junior Guimarães e Lucas Diener
Por: Nilson Gomes
Hoje é o 76º aniversário do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Haveria melhor presente para receber nesta data querida, além de felicidade e muitos anos de vida? Talvez a adesão a seu projeto de algum dos colegas pré-candidatos à Presidência da República, como Romeu Zema, seu fã do Novo em Minas Gerais, ou do favorito, o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem apoiou para o Ministério da Infraestrutura quando Jair Bolsonaro (PL) ainda estava montando a equipe, em 2018… Mas nada, nem o recentíssimo prateado robustecido do couro cabeludo lhe iluminaria mais o rosto do que saber que seu escolhido à sucessão, Daniel Vilela (MDB), teria aberto vantagem sobre o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) e o senador Wilder Morais (PL).
Difícil lhe dar essa alegria porque, na maior parte dos temas, Daniel e Ronaldo são água e óleo, nada os identifica, um é a personificação do governo, o outro até tenta… Um é o gestor público nº 1 do País, com cerca de 90% de aprovação, o outro ainda é desconhecido. E permanece a rivalidade que suas agremiações nutrem desde que o UB era UDN e o MDB, PSD. Caiado pacificou seu grupo a partir de 2014, quando fez dobradinha para senador (ganhou) com Iris Rezende governador (perdeu). Mas nos municípios ainda é tabu. Perto dessa rivalidade, a polarização Lula x Bolsonaro é briguinha por pirulito.
Há casos de sucesso, como o do presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto, de família e mandatos no MDB, que virou caiadista. Porém, na maioria dos casos, os dois ramos não se toleram. Em 1994, o udenismo rachou, Lúcia Vânia e Caiado perderam para Maguito Vilela, pai de Daniel. Em 1998, o udenismo se reuniu e Marconi derrotou Iris. Em 2002, 2006 e 2010, novas uniões dos herdeiros da UDN, novas surras no PMDB. Em 2014, é a história contada acima, mas o MDB teve muito pouca influência na vitória de Caiado para senador, pois Iris e sua família haviam recebido uma mensagem divina falando que a eleição de governador estava ganha. Em 2018, Ronaldo passou o rolo compressor no PSD, no MDB e nos dissidentes do caiadismo. Em 2022, colocou Daniel do seu lado – foi providencial para ganhar no 1º turno com 51,81%. O vice pode não ter rendido tanto, mas 1,81% ele agregou.
Teria muito mais se participasse, do planejamento à execução, do governo que tem aprovação na faixa dos 90%. Não há como mudar o passado: nada teve a ver com os projetos nem com as obras. O hospital Cora, que já está atendendo? Ronaldo & Caiado. As pavimentações? Pedro Salles (Goinfra) & Caiado. O social? Gracinha & Ronaldo. A tecnologia? Adriano Rocha Lima & Caiado. A moralização no Detran? Marcos Roberto & Delegado Waldir & Caiado. A retomada pós-pandemia? César Moura & Caiado. As policlínicas e a regionalização da Saúde? Ismael Alexandrino & Caiado. O sucesso retumbante na Segurança Pública? Ronaldo & Caiado.