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“Qualquer candidato desejará ter o nosso apoio político”, diz Alexandre Baldy
Presidente do PP em Goiás analisa como a crescente influência da sigla no governo Bolsonaro deve impactar o futuro do Progressistas no Estado
Confiante no impacto que a nomeação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) na Casa Civil pode ter para o Progressistas, o presidente do partido em Goiás, Alexandre Baldy, acredita que a sigla não terá dificuldades para formar fortes alianças na disputa estadual em 2022. “Qualquer candidato desejará ter nosso apoio político”, diz em entrevista ao POPULAR.
Rompido com o governador Ronaldo Caiado (DEM) no início deste ano, Baldy admite que há uma tentativa de reaproximação, articulada pelo prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PP), e pelo deputado federal Adriano Avelar (PP). Ele próprio, porém, não se coloca como ator nessa construção.
Em fevereiro, o rompimento com o governador se deu quando Baldy cobrou dele, em entrevista ao POPULAR, um posicionamento a favor de Arthur Lira (PP-AL), que disputava a presidência da Câmara dos Deputados com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Nesta sexta-feira (23), Bolsonaro disse em entrevista que cogita se filiar ao PP (leia mais na página 8).
Baldy também admite diálogo com a oposição no Estado, mas evita falar em alianças.
Com meta de se candidatar ao Senado, ele evita falar sobre o seu futuro político. Não quis, por exemplo, responder sobre as especulações de que irá deixar o governo de São Paulo e assumir cargo em Brasília.
Aqui em Goiás, como que está desenhado o futuro do PP para 2022?
O PP cada vez mais tem se consolidado como um partido no Brasil que tenta ajudar o governo e a população. Ajudar a aprovar as reformas que hoje estão sendo discutidas, como a reforma tributária e administrativa, para que a gente tenha uma recuperação econômica robusta e seja capaz de gerar empregos, para retomar a economia e gerar renda. Esse é um impacto que terá um reflexo objetivo e necessário em Goiás e em qualquer outro Estado no Brasil. Então, assim, o PP se fortalece politicamente, se consolida como o partido do diálogo no Brasil para que construa as boas soluções.
Tem se falado muito de uma possível reaproximação do partido com o Caiado em 2022. Há mesmo essa chance?
A eleição de 2022 ainda está muito longe para que a gente possa fazer uma afirmação. Agora, quanto à reaproximação, eu te afirmo que o prefeito de Anápolis, Roberto Naves, e o deputado federal Adriano Avelar têm feito muito essa tentativa de que o governador e eu possamos nos reaproximar.
E o que falta para que haja essa reaproximação?
Eu nunca me afastei, você foi prova mais viva do que qualquer outra pessoa. Mas você tem que perceber a boa disposição, clara e objetiva, do governo para que tenha essa reaproximação com o partido como todo. Os nossos deputados da Assembleia têm votado com o governo, os prefeitos têm tido uma boa relação, mas tudo isso é uma relação administrativa. Não é uma relação política que desencadeia em uma discussão de apoio para vislumbrar a eleição de 2022.
E em relação ao seu projeto político, há mesmo chances de concorrer ao Senado no ano que vem?
Tem essa possibilidade. Nós temos um partido grande, que cresceu bastante e que precisa cada dia mais se consolidar. Então, o desejo do partido é manter pelo menos as mesmas posições que foram conquistadas em 2018: uma cadeira no Senado (Vanderlan Cardoso foi eleito pelo PP, mas depois trocou a sigla pelo PSD), duas cadeiras na Câmara e no mínimo uma cadeira na Assembleia.
O prefeito Roberto Naves afirmou ao POPULAR que a indicação do Ciro à Casa Civil fortaleceria seu nome na chapa de Caiado, pleiteando a cadeira no Senado. Concorda com ele?
Olha, eu concordo que cada vez mais o nosso grupo, o nosso partido, esteja forte no quadro político. Qualquer candidato, seja o governador ou da oposição, desejará ter o nosso apoio político, em virtude do nosso grupo em Goiás e em virtude da força que temos hoje diante do governo federal.
O PP tem conversado com algum dos partidos de oposição ao governador aqui no Estado?
Conversado com partidos, não. Mas a gente mantém um bom diálogo com o Jânio Darrot (Podemos) e com Gustavo Mendanha (MDB) para discutir o quadro político do momento e, obviamente, as perspectivas futuras. Nós temos abertura com todos.
A conversa com o Gustavo Mendanha é de filiação?
Não. As conversas são sempre sobre o quadro eleitoral, até porque ele nunca se pronunciou como candidato, tampouco o MDB se pronunciou como impeditivo à uma eventual candidatura dele.
Inclusive, em 2018, o PP estava na chapa do MDB, com o Daniel Vilela como candidato a governador. E hoje tem grandes chances do MDB compor com Caiado no ano que vem. Como você avalia? Há espaço para o PP nessa conjuntura de possível aliança entre o antigo aliado e o governador?
Na verdade, eu acredito que a gente tenha muito tempo para poder desencadear as alianças para a eleição 2022. Nenhuma eleição é definida com um prazo tão antecipado. E nenhum partido como o nosso pode ser dispensado do quadro político de 2022. Isso, considerando o peso que temos dentro do Estado, com 32 prefeituras, a terceira maior cidade administrada pelo partido (Anápolis), além da força tão expressiva que temos hoje no governo federal, consolidando-se com a entrada do senador Ciro Nogueira na Casa Civil.
Falando do cenário nacional, acha que o Ciro Nogueira vai conseguir reverter o desgaste que o governo federal sofre com o Senado devido à CPI da Covid-19?
Eu acredito que ele vai conseguir projetar uma governança maior do Planalto. Com uma capacidade de integração entre os ministérios, que possibilitará, ainda, pela forma do diálogo que o PP e, sobretudo, que o Ciro têm, de melhorar muito a relação com o Executivo. O Ciro tem capacidade de gestão e tem capacidade política. Então, isso vai melhorar muito fortemente a governança, a relação interministerial e a amplificação das realizações administrativas na política, sobretudo no Senado, que é a casa dele.
O Ciro, junto com o PP, já apoiou o ex-presidente Lula no passado, que é uma figura que volta ao debate político para o ano que vem. Há chances do partido negociar uma composição com o petista? O apoio a Bolsonaro em 2022 já é definitivo?
A ida do Ciro ao ministério do presidente Bolsonaro é, sem dúvida, um indicativo de que o partido está mais distante de qualquer possível aliança com o PT. Eu tenho total atuação para que a gente não tenha absolutamente nada com o PT pela frente. O nosso diretório não quer fazer aliança com o PT em 2022. Nós vamos respeitar o que o presidente, o senador Ciro, quiser como articulação política. Mas vamos trabalhar para que nada possa ser feito com o PT.
E o que segura a aliança do PP com o Bolsonaro?
Nós estamos, hoje, em relações administrativas. As eleições são só em 2022. As relações políticas vão ser realizadas em julho de 2022, quando serão consolidadas. É como você disse, lá atrás o senador pode ter apoiado o PT e hoje apoia Bolsonaro. É como o Daniel (Vilela). Lá atrás ele criticava fortemente o Caiado e hoje é aliado. Quer dizer, a política é circunstancial. Não faço crítica e, sim, um elogio.
E como estão as conversas de filiação do Bolsonaro ao PP?
Como eu disse, hoje, o partido é focado em ações administrativas. Em 2022, a gente vai desencadear as filiações partidárias entre janeiro e abril, que é o prazo limite.
Então, se for ter filiação do Bolsonaro ao PP, vai ser no ano que vem?
Eu acredito que até hoje não se discutiu essa possibilidade.
Há duas semanas, o governador João Dória veio a Goiás para falar com os filiados do PSDB e ele foi questionado em relação à posição política dos auxiliares goianos que ele tem em São Paulo, no caso o sr. e o Henrique Meirelles. Isso porque os dois já se colocam como possíveis candidatos ao Senado, com chances de estarem na chapa de Caiado. Como avalia?
Eu respeito as figuras da pessoa do ex-governador José Eliton (PSDB) e do Jardel Sebba (PSDB), mas eu sou do partido Progressistas. Portanto, o partido apoiou o governador João Dória para ser eleito em São Paulo, mas nem por isso eu fui convidado para ser secretário pela relação política. Eu fui convidado porque estava ministro das Cidades, pela bagagem na área de mobilidade, pelas discussões e pelas obras que eu concretizava no Brasil. Então, essa foi a decisão pessoal, como ele mesmo mencionou na entrevista que concedeu.