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Tempos de incertezas
“Infelizmente, a construção feita a duras penas pelo governo nos últimos meses está desabando”
O Brasil experimenta, desde 2015, a tempestade perfeita. As crises política e econômica caminham de braços dados e se alimentam mutuamente. Tivemos vários desfechos de situações improváveis. Se, em muitos casos, a vida imita a arte, a recente realidade brasileira tem superado a ficção. Estamos vivenciando, como atores e expectadores, a pior crise de nossa História.
A vida é cheia de imprevistos. Mas o que fazer quando um novo imprevisto grave surge a cada instante? Da forma como as coisas se apresentam, é impossível planejar. É isso que temos enfrentado. E, nos recentes episódios, o núcleo central do poder foi atingido diretamente.
O governo fazia bom trabalho do ponto de vista técnico, principalmente na Economia. Isso precisa ser reconhecido. Mas não temos compromisso com o erro, pois as denúncias são graves. A cada nova revelação, a situação fica mais insustentável. Infelizmente, a construção feita a duras penas pelo governo nos últimos meses está desabando.
Então, não podemos perder tempo. Cada dia que se passa, é um passo a mais rumo ao abismo. A indefinição não faz bem. Seja lá qual for o desenlace da crise atual, o ideal é que ele seja o mais rápido possível e à luz da Carta Magna. Renúncia do presidente Michel Temer? Ele disse que não renuncia. Cassação da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral? São alguns dias até a próxima sessão. Impeachment? O último, da ex-presidente Dilma Rousseff, durou seis meses, prazo, talvez, extenso demais para a Economia resistir.
E, vagando o cargo de presidente, o caminho seriam as eleições indiretas ou diretas? Hoje a Constituição prevê eleição indireta, via Congresso. Mas a regra constitucional pode muito bem ser mudada, assim como foi para o Teto de Gastos e está proposto na reforma da Previdência. Porém, ao meu modo de ver, o prazo exigido para uma eleição direta pode ser demasiadamente longo.
A situação clama por agilidade. As instituições precisam dar resposta à altura do que espera a população. Pois, enquanto a indefinição persiste, a instabilidade cresce e o País sangra. E não aguentamos mais a instabilidade. Com a crise se agravando dessa forma, o Brasil perde. Um embate eleitoral/partidário ou pelo poder não é aceitável agora. Também não é hora para revanchismos. O que necessitamos é de uma convergência de todas as forças políticas e da sociedade para resgatar o País.