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TRE cassa mandatos de vereadores do PRTB de Goiânia por descumprimento das cotas de gênero

TRE cassa mandatos de vereadores do PRTB de Goiânia por descumprimento das cotas de gênero

access_time 2 anos ago

Foram 5 votos a 2 pela derrubada da chapa partidária. Santana Gomes e Bruno Diniz podem deixar a Câmara Municipal de Goiânia

Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) decidiu, nesta quinta-feira (7), derrubar a chapa de vereadores do PRTB nas eleições de 2020, por descumprimento das cotas de gênero. A deliberação terminou em sessão da Corte com cinco votos a favor da cassação e dois votos contrários. Com isso, os vereadores Bruno Diniz (PRTB) e Santana Gomes (PRTB) devem perder os mandatos.

A lei eleitoral determina que as chapas proporcionais devem apresentar um mínimo de 30% e o máximo de 70% de candidaturas femininas, de forma a manter a proporção de gênero. O PRTB é um dos partidos que, em 2020, apresentou o Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (Drap) da chapa de vereadores em Goiânia com o percentual mínimo de candidatas mulheres, mas perdeu a proporção durante a campanha e chegou às urnas sem cumprir a cota.

O processo movido pelo PT, PSL e por Fabrício Rosa, que foi candidato a vereador de Goiânia pelo PSOL, argumenta que houve fraude na chapa do PRTB por meio de candidaturas femininas fantasmas.

Chamaram a atenção as candidaturas de Sônia Dutra e Jéssica Pereira. A primeira teve a sua votação zerada e a outra recebeu apenas 10 votos. Sônia é mãe de Wewerton Dutra e Jéssica, sua companheira. Ou seja, as duas pertencem à mesma família com uma relação de sogra e nora.

A desconfiança das candidaturas fantasmas aumenta quando surgiu a informação de que Wewerton não apoiou nem a mãe nem a sua companheira que, segundo os autos, não ficou claro se é casada ou tem união estável com ele. O esposo e filho das mulheres em questão, por sua vez, apoiou a candidatura Wilson Sodré, presidente metropolitano do PRTB.

Nos depoimentos, ele alegou que viu que a mãe e a companheira não teriam condições de ganhar e, por isso, decidiu apoiar o presidente do partido. Além disso, Sônia e Jéssica tiveram registrado o mesmo endereço residencial e profissional, não tiveram contas abertas e a prestação de contas de ambas foi zerada.

Sônia até teve a candidatura indeferida por falta de prova de alfabetização. Mas o indeferimento foi revertido em terceira instância depois que apresentou uma CNH.

Votos

Foi diante desses argumentos que o juiz Vicente Lopes apresentou relatório favorável à cassação da chapa. O desembargador Luiz Eduardo de Sousa, o juiz Juliano Taveira e o presidente do TRE-GO, desembargador Leandro Crispim, acompanharam o relator. O juiz Márcio Moraes havia pedido vistas do processo e o devolveu, nesta quinta, também com voto favorável à cassação. O juiz Jeronymo Pedro Villas Boas e o desembargador José Proto de Oliveira foram os únicos a votarem contra.

Durante a devolução das vistas, Moraes argumentou que não restam dúvidas de que houve fraude e de que as candidaturas de Sônia e Jéssica foram colocadas apenas para preencher o percentual mínimo de gênero na chapa.

“Esses fatos me levam a entender que houve, de fato, um engendramento de um mecanismo apenas e simplesmente para se completar o número mínimo de candidaturas femininas”, disse Moraes, ao apresentar seu voto.

Com a maioria pela cassação da chapa, Santana Gomes e Bruno Diniz perdem os mandatos e devem recorrer fora de suas cadeiras ocupadas na Câmara Municipal de Goiânia. Eles só conseguem permanecer no cargo se conseguirem uma tutela provisória no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para suspender a decisão do TRE-GO.

Santana diz estar tranquilo de que a decisão será revertida no TSE. Já Diniz afirma que precisa se inteirar do que foi decidido pelo tribunal regional.

Caso a saída deles da Câmara se concretize, assumem os suplentes Paulo Magalhães (UB) e Igor Franco (Pros). Como a chapa toda do PRTB foi cassada, os suplentes do partido também perdem a vez.

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